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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Pedro de Figueiredo

Fotografia de Pedro de Figueiredo Pedro de Figueiredo
1880-1972
Artista e professor



Auto-retrato de Pedro de FigueiredoPedro de Figueiredo Ferreira nasceu na freguesia de Santa Maria, em Tondela, a 19 de abril de 1880.
Era o sétimo filho de José de Figueiredo Ferreira, marceneiro, natural de Lobão da Beira, e de Maria Soledade Matos, costureira, portuense nascida em Cedofeita.
Entre 1886 e 1891 cumpriu o ensino elementar em Tondela.
Desde cedo mostrou talento para o desenho, aptidão que veio a desenvolver no Porto, cidade onde se fixou a partir de 1894, sob a tutela do Dr. Manuel de Beires (1832-1905), então Juiz de Direito do Tribunal do Comércio do Porto.
Em 1895 matriculou-se no Instituto Industrial e Comercial do Porto, no Curso Geral de Desenho, 8.º cadeira da Secção Industrial, que frequentou como aluno livre até 1896-1897, recebendo nesses anos menções honrosas.
Simultaneamente, em 1895 solicitou inscrição na Academia Portuense de Belas Artes (APBA), no 1.º ano do curso de Desenho Histórico. No Catálogo da Exposição dos Trabalhos Escolares dos Alunos da APBA, de 1897, surge como aluno laureado. Em 1899, requereu a frequência da cadeira de "Perspetiva". Em 1900, recebeu gratificação pecuniária no concurso anual da Escola, no prémio atribuído aos melhores trabalhos desse ano em "Desenho Histórico". Depois estudou "Pintura Histórica", curso que terminou em 1905. O seu percurso académico culminou na atribuição de diplomas de distinção e nota final de 16 valores.
Na Academia Portuense de Belas Artes foi discípulo dos lentes João Marques de Oliveira, José de Brito e João Augusto Ribeiro, e condiscípulo, entre outros, das irmãs pintoras Aurélia de Souza e Sofia Martins de Souza e do escultor Romão Júnior.
Seguidamente continuou os estudos em Paris, ao frequentar desenho rápido (croquis) na Académie de La Grande Chaumiére.
Em 1914, já de regresso a Portugal, casou com Maria da Glória Pacheco Borges, natural de Lamego, que trabalhava como professora do Ensino Livre (falecida em 1952).
No ano seguinte foi nomeado professor provisório da Escola Industrial Infante D. Henrique, ascendendo a professor efetivo em 1919. Entretanto, em 1917, foi nomeado professor interino da então Escola de Desenho de Gondomar, onde também assumiu as funções de diretor e secretário. Em 1919 regressou à Escola Infante D. Henrique, passando a professor efetivo a 23 de junho desse ano. Em 1920 foi transferido para a Escola Industrial Faria de Guimarães, onde trabalhou até à sua jubilação (1950), e fez amizade com um dos diretores da instituição, o arquiteto Emmanuel Paulo Vitorino Ribeiro (1884-1972).
Também integrou o corpo docente da Escola Nacional de Desenho por Correspondência, fundada por Heitor Cramez e Miguel Barrias (1904-1955), e pelo empenho e competência no seu trabalho docente foi louvado pelo Conselho Escolar da Escola Industrial de Faria Guimarães (1924) e pelo Ministro da Instrução Pública (1930).
Artista de influência impressionista, pintou paisagens, autorretratos e retratos, nomeadamente de Rosa da Conceição, e cenas religiosas, como o óleo de S. Pedro, para a Igreja de Abaças, em Vila Real. Compôs desenhos etnográficos e o desenho do Monumento aos Mortos da Grande Guerra, designado "Homenagem ao Combatente Português", mas conhecido popularmente como Soldado Desconhecido, moldado pela escultora Branca de Alarcão (1902-1985), e com legenda de Emanuel Paulo Vitorino Ribeiro - "A alegria dos que regressam não faz esquecer os que morreram", que se situa, desde 1933, no Largo Professor Doutor Anselmo Ferraz de Carvalho, em Tondela.
Exibiu as suas obras em exposições no Porto, na Escola Faria de Guimarães, no Ateneu Comercial do Porto, no Salão Silva Porto, no Salão Nobre da Associação Católica e no Palácio de Cristal.

Fotografia do sexto grupo do friso de homenagem aos colegas e mestres da FMUP (de Ângelo Sande)Pedro de Figueiredo dedicou-se, com sucesso e notoriedade, a outra área artística - a pintura azulejar, mesmo antes de fazer carreira no ensino. Em 1909 executou a sua primeira encomenda, para as Caves da empresa Ramos Pinto, em Vila Nova de Gaia. Nos anos seguintes pintou, designadamente, azulejos para os Paços do Concelho do Peso da Régua e de Tondela, para o complexo das Pedras Salgadas, em Vila Pouca de Aguiar e para a Casa dos Viscondes de S. João da Pesqueira no Porto.
O seu ciclo de azulejos decorativos mais monumental foi criado para o "Laboratório Médico" Professor Alberto de Aguiar, sito na rua da Restauração, e executado pela Fábrica de Cerâmica das Devesas (1912-1920). Neste âmbito compôs dezanove medalhões para a sala de Química e Bacteriologia, retratando expoentes da química, quatro dos quais eram cientistas portugueses. Para o tímpano da mesma sala fez ainda dois painéis triangulares relativos à fundação do laboratório e à Revista de Semiótica Laboratorial. Ambos contendo na base, uma palma estilizada, ornato distintivo do seu trabalho. Ainda para esse espaço pintou uma faixa dourada com a identificação e datação do laboratório (fundação em 1879 e ampliação em 1914); e para a sua ala este produziu dois grandiosos painéis, patenteando Antoine Lavoisier (1743-1794) e Louis Pasteur (1822-1895).

Fotografia do Medalhão de Ferreira da Silva (de Marisa Monteiro)Foi também autor de um friso para a Sala de Serviços Especiais, intitulado "Homenagem aos meus Mestres e Colegas da Faculdade de Medicina do Porto, no período de 1886-1919". Para este laboratório produziu ainda a representação de um uróboro e um friso com cobaias laboratoriais, para a Sala de Inoculações.
Este valioso conjunto azulejar foi removido do laboratório, já desativado, pelos herdeiros de Alberto de Aguiar e encontra-se à guarda do Museu de História Natural e da Ciência da Universidade do Porto, estando atualmente expostos no Laboratório Ferreira da Silva, os medalhões com os retratos de Dmitri Mendeleiev (1834-1907) e de António Ferreira da Silva, no polo central deste museu, no edifício histórico da Universidade do Porto.
Pedro de Figueiredo colaborou em revistas de arte, como "Eva" e "Portucale" e em periódicos das principais cidades portuguesas. Foi membro da Grande Comissão de Honra para homenagem e consagração do pintor José Júlio de Sousa Pinto (1932). Era sócio honorário da Associação dos Bombeiros Voluntários e da Associação Artística de Socorros Mútuos 19 de Março, e benemérito da Biblioteca Tomaz Ribeiro, de Tondela. Ofereceu obras ao Museu Municipal Santos Rocha, da Figueira da Foz, ao Museu do Abade de Baçal, de Bragança e ao Museu Municipal de Ovar. Era sócio correspondente da Sociedade Nacional de Belas Artes, sócio do Grupo de Artistas Portugueses e do Círculo Dr. José de Figueiredo, Grupo de Amigos do Museu Nacional de Soares dos Reis e incorporou várias direções da Sociedade de Belas-Artes do Porto.

Capa de EXEMPLARIS (exposição póstuma) - Pedro de FigueiredoAos 76 anos de idade (1956), sem herdeiros diretos, casou com a sua protegida, Rosa da Conceição.
Pedro de Figueiredo morreu no Porto a 19 de agosto de 1972 e foi sepultado no Cemitério de Agramonte.
O seu nome está imortalizado na toponímia da Tondela, cidade que em 2023 lhe dedicou uma exposição póstuma intitulada "EXEMPLARIS- Pedro de Figueiredo", patente no Museu Terras de Besteiros, entre maio e junho desse ano.
(Unidade de Cultura, 2023)

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Última actualização: 2023-07-27 Página gerada em: 2024-05-13 às 03:10:35 Denúncias