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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

António Lobão Vital

Fotografia de António Lobão Vital / Photo of António Lobão Vital António Lobão Vital
1911-1978
Arquiteto



António Lobão Vital, filho de José Vital de Mattos, natural de Sobral Pichorro, Fornos de Algodres, e de Maria da Natividades Lobão Ferreira Vital, natural da freguesia Ocidental de Viseu, nasceu em Aguiar da Beira a 1 de setembro de 1911.

Capa da revista Outro Ritmo (1933)/Cover of the magazine Outro Ritmo (1933)Na cidade do Porto frequentou o Liceu Rodrigues de Freitas, onde colaborou no primeiro e único número da revista "Outro Ritmo" (1933), publicação visada pela censura, e que ditou a sua expulsão das escolas oficiais. De pretendida periodicidade mensal e destinada ao público jovem, tinha capa de Bernardino Fabião e propunha-se editar artigos sobre Artes e Letras, Divulgação Científica, Filosofia, Sociologia, Crítica, Crónicas, Desporto e Cinema. Sedeada no número 834 da rua de Camões, tinha como editor António Lobão Vital, como diretores Artur de Vieira Andrade e Maximino Pombo Cirne e como secretários Fernando Sampaio e Castro e Carlos Espada Neves.
Apresentava artigos, entre outros, de Abel Salazar, Artur Vieira de Andrade ou do próprio Lobão Vital e desenhos do pintor António Carneiro e do escultor Zeferino Couto.

Aos 22 anos apresentou-se então como aluno externo. Frequentou a Academia de Viseu no ano de 1933-1934, acabando o curso liceal com 10 valores.
Em 1935 inscreveu-se na Escola Superior de Belas Artes do Porto. Vivia então no nº56 da rua do Paraíso. Por essa altura vislumbrou, na área da Lapa, aquele que seria a companheira de uma vida, Virgínia Moura. Casaram em 1935.

CODA de Lobão VitalLobão Vital integrou a Organização dos Arquitectos Modernos (ODAM), ativa no Porto entre 1947 e 1952, fortemente influenciada pelos Congressos Internacionais de Arquitetura Moderna (CIAM) e participou ativamente no I Congresso Nacional de Arquitetura (1948), no qual se discutiram os problemas da Cidade e da construção em altura, e onde defendeu os planos urbanos modernos e as propostas da Carta de Atenas (1931).
No final dos anos 50 estagiou no escritório do arquiteto Arménio Losa. Mais tarde, em 1970 terminou a licenciatura, tendo, no Concurso para a Obtenção do Diploma de Arquitecto (CODA) apresentado "O significado da habitação", que editou em 1974 sob o título "Alguns aspectos do problema habitacional", com apresentação de Cassiano Barbosa. A 20 de janeiro de 1971 obteve, finalmente, o Diploma de Arquiteto, sendo aprovado com a classificação de 18 valores (Muito bom com distinção).

O arquiteto Lobão Vital participou na fundação do Sindicato Nacional dos Arquitectos e era membro do Sindicato Nacional dos Arquitectos, da Secção Regional Norte (sócio número 339), para a qual foi eleito segundo vogal, em 1972.

Fotografia: vista exterior da Casa Museu Abel Salazar/Photo of the exterior view of the Abel Salazar House MuseumComo projetista, produziu, de forma graciosa, em 1968, a Memória Descritiva das obras de reabilitação da Casa-Museu Abel Salazar. Imóvel sito na Quinta da Devesa, em S. Mamede de Infesta, onde Abel Salazar viveu entre 1921 e a data da sua morte (1946). A casa fora um antigo solar da Época Moderna, do qual subsiste apenas a capela da invocação de Nossa Senhora da Apresentação, transformado numa casa de brasileiro, na Época Contemporânea. Depois da morte do insigne investigador, pedagogo, escritor e artista, foi convertido numa Casa-Museu, então propriedade da Fundação Calouste Gulbenkian (hoje tutelada pela Universidade do Porto) e gerida pela Sociedade Divulgadora da Casa-Museu Abel Salazar, liderada pelo Dr. Alberto Saavedra. Dessa data até 1971, fez-se um levantamento de todas necessidades de recuperação e transformação do imóvel. Contudo, a Fundação Calouste Gulbenkian acabou por concluir que os gastos com as obras eram excessivos (541 000 escudos) e pediu ao arquiteto que apresentasse os seus honorários. Ele declinou, e indicou apenas as despesas correntes (9700 escudos). A 2 de 1971 Lobão Vital identificou a lista de obras não executadas, de pedraria e carpintaria. Acabando, de seguida por se desligar do projeto, justificando esse afastamento com o acompanhamento da mulher que se encontrava doente.
Para Rio Tinto, localidade onde o casal passara a residir, Lobão Vital e Virgínia Moura dotaram, gratuitamente, o Grupo Dramático e Beneficente de Rio Tinto, de um Teatro de Bolso, para 100 espetadores. Ele fez o projeto, ela os cálculos.

Combatente antifascista e militante do Partido Comunista Português (desde 1931) foi preso 16 vezes pela PIDE, a primeira das quais em 1935 e a última em 1962.
Foi também dirigente do MUNAF (Movimento de Unidade Nacional Antifascista), do MUD (Movimento de Unidade Democrática), do MND (Movimento Nacional Democrático) e da Junta Patriótica do Norte. Integrou o Socorro Vermelho Internacional e apoiou as candidaturas presidenciais de Norton de Matos, Ruy Luís Gomes, Arlindo Vicente e Humberto Delgado. Colaborou em periódicos da oposição antifascista, nomeadamente no "Sol Nascente", quinzenário editado no Porto entre 1937 e 1940, e na revista "Academia Portuguesa", dos anos 30 do século XX.

O seu posicionamento político impediu-o de exercer um emprego público ou de obter encomendas arquitetónicas estatais, e ainda de assinar as obras arquitetónicas que projetou. Tinha escritório na Praça do Município, no número 309, 6.º andar, sala 6, no Porto, partilhado com Virgínia Moura, e no qual ela dava explicações de Matemática e ele riscava arquitetura.

De saúde frágil, esteve internado no Caramulo, devido a problemas pulmonares, e na Ordem de S. Francisco.
António Lobão Vital morreu no Porto a 13 de junho de 1978. O seu velório teve lugar na Cooperativa Árvore e foi a sepultar no Cemitério do Prado do Repouso.

Quinze anos após a sua morte foi lançada uma campanha para a construção de um jazigo duplo, com projeto de arquitetura de Alcino Soutinho e com o contributo do mestre José Rodrigues. Os seus restos mortais foram para aí trasladados, a 16 de abril de 1944. A ele se veio a juntar, de novo, na sua última morada, Virgínia Moura, em 1998.
O arquiteto Lobão Vital é recordado na toponímia portuense de Paranhos.
(Unidade de Cultura, 2021)

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