Duarte Leite Matemático, historiador, professor universitário e político republicano Retrato da autoria de Abel Salazar |
|||
Duarte Leite Pereira da Silva nasceu no Porto a 11 de agosto de 1864. Era filho de Rafael Leite Pereira da Silva, capitão da Marinha Mercante, e de Isabel Maria da Soledade. Era neto, pelo lado materno, de um cônsul inglês.
Iniciou os estudos no Porto, prosseguiu-os no Brasil e concluiu os estudos liceais em Lisboa, no Colégio dos Jesuítas de Campolide.
Na Universidade de Coimbra foi um aluno distinto durante o curso de Matemática (1880-1885). Na Faculdade de Direito desta Universidade frequentou as cadeiras de Economia Política e, na Faculdade de Filosofia, as de Zoologia e Agricultura.
Concluídos os estudos, ingressou no corpo docente da Academia Politécnica do Porto, ao ser nomeado lente da 4.ª cadeira (Geometria Descritiva) pelo decreto de 4 de março de 1886 e carta régia de 15 de abril desse ano. A tomada de posse teve lugar em 11 de março do mesmo ano. Três anos mais tarde, Duarte leite passou a lecionar a 5.ª cadeira (Astronomia e Geodesia), por determinação do decreto de 14 de fevereiro de 1889.
Em 1910, foi transferido para a 3.ª cadeira e integrou o 2.º grupo da 1.ª Secção da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Em 1918, o Conselho Escolar desta faculdade conferiu-lhe o grau de doutor em Ciências Matemáticas.
Em simultâneo com a vida académica, Duarte Leite dedicou-se à política. Com Basílio Teles, Xavier Esteves, José Nunes da Ponte e Afonso Costa fundou, em 1897, o Grupo Republicano de Estudos Sociais. Integrou o Diretório do Partido Republicano Português (1897-1899) e foi vereador da Câmara Municipal do Porto durante a presidência de Jacinto Magalhães (1907-1910).
Duarte leite foi também publicista. No Porto, colaborou n’ "A Voz Pública" (1906-1907), fundou e dirigiu "A Pátria" (1909), publicou textos n’ "O Primeiro de Janeiro" a partir de 1931 e escreveu para a "Seara Nova".
Desempenhou vários cargos públicos como o de Presidente da Assembleia Comercial Portuense (1910) e de Vogal do Conselho de Administração da Companhia dos Caminhos-de-ferro-Portugueses, entre 1910 e 1911.
Foi maçon. Iniciou-se na maçonaria em 1892, na Loja "União Latina", no Porto, sob o nome Confúcio, passando a coberto em 1893.
Após a proclamação da República ocupou diversos lugares políticos sem comprometer o seu distanciamento relativamente aos partidos republicanos. Foi Ministro das Finanças (entre 3 de setembro a 12 de novembro de 1911), foi chefe do Governo e Ministro do Interior (entre 16 de junho de 1912 e 9 de janeiro de 1913). Foi senador pelo Porto (1915-1917 e 1918-1919) e candidatou-se às eleições presidenciais de 24 de agosto de 1911, obtendo 4 votos), de 29 de maio de 1915 (um voto), de 6 de agosto de 1915 (vinte votos no 1.º escrutínio e 19 no 2.º), de 6 de Agosto de 1919 (um voto), de 6 de Agosto de 1923 (três votos no 1.º escrutínio e um voto no 2.º) e de 11 de dezembro de 1925 (trinta e três votos no 1.º escrutínio e cinco votos no 2.º).
Duarte Leite também foi historiador. Nesta qualidade, devem-se-lhe algumas das páginas mais esclarecidas sobre a história dos descobrimentos portugueses, a par de António Sérgio e Jaime Cortesão. Colaborou na obra "História da Colonização Portuguesa do Brasil", dirigida por Carlos Malheiro Dias, no III capítulo do 1.º volume (1921) e nos IX e XIII do 2.º volume (1923) e foi autor de obras como "Descobridores do Brasil" (2 vols., Porto, 1931) e "Acerca da Crónica dos Feitos da Guiné" (Lisboa, 1941). Vitorino Magalhães Godinho reuniu e anotou no título "História dos Descobrimentos: colectânea de esparsos" (2 vols., Lisboa 1958-1959), muitos dos estudos de Duarte Leite.
Duarte Leite participou na homenagem a Rodrigues de Freitas, realizada em 1897 no Ateneu Comercial do Porto. Proferiu o elogio de Gomes Teixeira na Universidade do Porto, a 8 de fevereiro de 1933 – o texto foi publicado no tomo 18 dos "Anais da Faculdade de Ciências do Porto".
Entre 1914 e 1931 foi embaixador de Portugal no Rio de Janeiro. Em 1931 aposentou-se deste cargo ao atingir o limite de idade e regressou a Portugal, fixando residência em Meinedo, Lousada. A partir daqui, manteve uma correspondência abundante com cientistas e intelectuais portugueses e estrangeiros.
Duarte Leite foi casado com Maria Eulália Falcão Leite, de quem teve quatro filhos: Isabel de Oliveira, Emília Pimentel, Maria Eulália Fernandes Costa e Rafael Leite.
Reconhecido cientista, professor, jornalista, político e diplomata republicano, publicista e investigador de história colonial e da expansão, Duarte Leite faleceu a 29 de setembro de 1950, com 86 anos, na Casa de Saúde da Boavista, no Porto, na companhia da mulher e do amigo Eduardo Santos Silva.
A seu pedido, teve um funeral civil que saiu da sede da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto. Foi a sepultar no Cemitério do Prado de Repouso, no Porto.
Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012. Revisão científica de Jorge Fernandes Alves (FLUP)