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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Eduardo Ferreira dos Santos Silva

Fotografia de Eduardo Ferreira dos Santos Silva Eduardo Ferreira dos Santos Silva
1879-1960
Médico, professor e político



Eduardo Ferreira dos Santos Silva nasceu no dia 18 de Março de 1879, na cidade do Porto, filho de Dionísio Ferreira dos Santos Silva e de Ana Teixeira.
Oriundo de uma família da classe média e vivamente republicana, desde novo foi influenciado por estes ideais. Com a morte de sua mãe, em 1894, Eduardo, como irmão mais velho de quatro irmãs, teve de ajudar o pai no sustento da família. Com 16 anos, trabalhou como escriturário em Vila Nova de Gaia e lecionou instrução primária no Colégio Português, na Rua do Almada. Apesar das dificuldades económicas, em 1897 Eduardo matriculou-se no curso de Medicina da Escola Médico-Cirúrgica do Porto, que acumulava com o ensino particular.

O percurso académico de Eduardo Santos Silva ficou marcado pelo seu aproveitamento escolar: em 1903, concluiu o Curso de Medicina com a Dissertação Final, na qual obteve a classificação de Bom (16 valores), e com a classificação geral de quatorze valores. Com o curso terminado, não foi de imediato exercer medicina. Em 1905 foi nomeado para o Liceu Central do Porto, onde lecionou Geografia, Ciências Naturais, Francês e Português. Em 1906, com 27 anos, casou-se com Ernestina Cândida Martins Morgado, de quem viria a ter seis filhos: Eduardo, Ernestina Ana Cândida, Artur, Sílvia, Osvaldo e Fernando. Em 1909, em Paris, especializou-se em dermatologia e sifiligrafia. Durante este período, conheceu um grupo de republicanos exilados, entre os quais Aquilino Ribeiro, Amadeu de Sousa Cardoso e Teixeira Lopes. Quando regressou ao país, retomou o ensino (no Liceu Alexandre Herculano, no Porto) e a medicina.

Câmara Municipal do PortoEm 1911, foi nomeado Diretor da Escola Normal do Porto e, em 1912, foi eleito reitor do Liceu Rodrigues de Freitas. Ainda em 1911, ligou-se à Maçonaria, à loja Luz e Progresso, com o nome de Erasmo, e, mais tarde, à loja Portugália. Após as eleições municipais, integrou, em 1914, a Comissão Executiva da Câmara Municipal do Porto, tendo sido nomeado Vice-Presidente (pouco depois assumiria a Presidência) e vereador da Instrução, Beneficência e Bairros Operários. Como obras mais marcantes, enquanto autarca, podemos mencionar a rede de Bibliotecas Populares que criou, escolas para alunos com deficiência e um sistema de apoio às crianças pobres, com distribuição de refeições gratuitas. Além do seu interesse pelo ensino, é de salientar na sua passagem pela Câmara do Porto o início da construção de alguns edifícios que hoje são referências da cidade, como o Mercado do Bolhão, o Matadouro, o Conservatório de Música do Porto e o atual edifício da Câmara Municipal do Porto, bem como a construção de Bairros Operários (Ramalde, Campanhã, Prelada, Lordelo, etc).

Tendo sido preso em 1918, durante o "Sidonismo", solicitou a sua incorporação no Corpo Expedicionário Português como médico miliciano, tendo combatido na 1ª Guerra Mundial. Foi condecorado com a Cruz de Guerra pela sua prestação.
Após o seu regresso, voltou a ser vereador (até Março de 1923), cargo que acumulou com a presidência do Senado da Câmara Municipal do Porto, até 1921, ano em que se demitiu por divergências com o Partido Republicano. Como figura respeitada da política nacional, foi convidado duas vezes por António Maria da Silva a assumir funções como Ministro da Instrução. A primeira, durante um mês, de 1 de Julho a 1 de Agosto de 1925; mais tarde, de 17 de Dezembro de 1925 a 30 de Maio de 1926. No entanto, não teve tempo, nem condições, para por em prática algumas das reformas que pretendia aplicar. A partir de 1926, foi convidado para Diretor Clínico do Sanatório Hospital Rodrigues Semide e, após vinte anos de dedicação estrema a esta instituição, entrou em conflito com a direção da Misericórdia do Porto, claramente pró-salazarista. Em 1945, o seu pedido de exoneração foi aceite e, em 1948, abandonou o cargo de Diretor de Enfermaria.

Em Maio de 1935, e com a instauração do Estado Novo, foi um dos professores exonerados pelo Conselho de Ministros, como opositores ao regime, tendo sido colocado em "inatividade permanente, seguida de aposentação". Defensor acérrimo dos ideais democráticos, participou ativamente nas revoltas republicanas, em especial na de 3 de Fevereiro de 1927. Foi preso no Porto, em Setembro deste ano. Mais tarde, a 5 de Julho de 1930, voltaria a ser preso, sendo enviado para o degredo no Funchal até 9 de Março de 1931, acusado de envolvimento "em manejos conspiratórios".

Norton de MatosA partir de 1949, Santos Silva envolveu-se na candidatura do General Norton de Matos às eleições presidenciais. Em 1950, passou por momentos difíceis com a morte da sua filha Ernestina e, em 1951, assistiu à morte de seu filho Osvaldo. Em 1955, com 76 anos, dava por terminada a sua carreira de médico, assumindo "não ter já resistência indispensável para o exercício da medicina". Afastado do ensino e da medicina, Santos Silva manteve alguma atividade política e, em 1958, o seu nome surgiu como uma possível candidatura à Presidência da República. No entanto, e apesar do forte apoio que recebeu, acabou por não avançar, tendo apoiado o General Humberto Delgado. A 18 de Março de 1959, na comemoração do seu 80º aniversário, foi alvo de uma grande homenagem, que reuniu num jantar mais de 300 pessoas.

Faleceu no Porto a 14 de Setembro de 1960.
(Texto de Rui Carlos Monteiro Silva, 2008)

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