Vasco Vieira da Costa 1911-1982 Arquiteto |
Vasco Vieira da Costa nasceu em Aveiro a 2 de março de 1911. Com poucos meses de idade foi viver com a família para Luanda (Angola).
Após a conclusão do Curso Geral dos Liceus matriculou-se no Curso de Arquitetura da Escola de Belas Artes do Porto (ESBAP), em setembro de 1940.
Em 1945, a 29 de novembro, matriculou-se no Instituto de Urbanismo da Faculdade de Ciências de Paris. Por intercessão de Joaquim Lopes, professor da ESBAP, tornou-se bolseiro do Governo Francês.
Durante a estadia em Paris estagiou no ateliê do arquiteto Le Corbusier (1887-1965). Concluiu o curso na Sorbonne em 1948, tendo apresentado como trabalho final a tese intitulada La ville du Coton: avant-projet d’une ville satellite pour Luanda, orientada por André Gutton (1904-2002). Pouco tempo depois apresentou essa mesma dissertação (entretanto renomeada Cidade Satélite n.º 3), no Concurso para Obtenção do Diploma de Arquiteto (CODA). Por se tratar da primeira tese da ESBAP na área do Urbanismo, foi enviado um pedido formal à Direção Geral do Ensino Superior para que fosse viável a respetiva defesa. Influenciada pelo Movimento Moderno, mereceu a classificação de 17 valores.
Após obtenção desse diploma, a 17 de fevereiro de 1949, Vieira da Costa regressou a Angola e ingressou nos Serviços Técnicos da Câmara Municipal de Luanda, entidade que lhe subsidiara a licenciatura.
Foi nesta fase que recebeu a encomenda da sua primeira obra pública, o Mercado Quinaxixe, mercado retalhista e abastecedor de Luanda, inaugurado em 1958 e demolido cinquenta anos depois.
Exerceu a sua atividade liberal num gabinete sediado no 7.º piso do Prédio Totobola, sito na avenida dos Restauradores (atualmente avenida Rainha Ginga), em Luanda, local por onde passaram vários jovens arquitetos como Manuel Correia Fernandes, José Deodoro Faria Troufa Real, José Quintão ou António Madureira.
A partir da década de 60 foi consultor do Laboratório de Engenharia de Angola (LEA), criado em 1961. No desempenho destas funções participou nas Segundas Jornadas de Engenharia e Arquitectura do Ultramar (Luanda, 1969) mediante a apresentação do texto Breves Considerações sobre o urbanismo tropical em zonas rurais, que acabou por se tornar um manifesto modernista do urbanismo tropicalista.
Até à independência de Angola em 1975, Vieira da Costa repartia o tempo entre o LEA, onde passava as manhãs, e o ateliê de arquitetura onde trabalhava todas as tardes. Encerrou o escritório naquele ano e mudou-se para um gabinete do LEA, cedido pelo diretor, Guerra Marques.
Vieira da Costa foi, também, delegado da secção de Angola do Sindicato Nacional dos Arquitetos, em 1974, e promotor do curso de Arquitetura em Angola. O processo de criação deste curso teve início com o convite que lhe foi endereçado por Ivo Ferreira Lopes, Reitor da Universidade de Angola, por intermédio do Ministro da Edução, José Veiga Simão. Vieira da Costa não esteve, no entanto, sozinho, e contou com a colaboração constante de Manuel Correia Fernandes e a com a colaboração pontual de Troufa Real e Júlio Saint-Maurice.
Até 1982 foi diretor do curso de Arquitetura oficialmente inaugurado na Faculdade de Engenharia de Angola em 1979. Para a concretização final do projeto pôde contar, novamente, com Manuel Correia Fernandes e, ainda, com Alexandre Alves Costa, Nuno Portas e Frank Svensson.
Este arquiteto e urbanista foi autor de obras como a Casa Inglesa, o bloco residencial (Diamang) na rua Lopes Lima, o Edifício Lemos Figueiredo, o Edifício Garantia África, o Edifício Sousa, o Edifício Mutamba, o Hotel Turismo, a Torre Secil, a sede da Câmara dos Despachantes de Angola, a Associação dos Naturais de Angola e o Laboratório de Engenharia de Angola, em Luanda.
A Câmara Municipal do Porto atribuiu-lhe, em 1947, o prémio de urbanística, respeitante ao biénio 1944-45.
Vasco Vieira da Costa foi casado com Barbara Gratz-Carr, americana, estudante de História de Arte na Sorbonne, de quem se enamorou quando viveu em Paris.
Morreu no Porto a 19 de março de 1982.
Foi homenageado postumamente, a 3 de outubro de 2006, pelo Departamento de Arquitetura da Universidade Lusíada de Angola (ULA), durante as comemorações do dia mundial da Arquitetura.
(Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2018)