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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

João Barreira

Fotografia de João Barreira / Photo of João Barreira João Barreira
1866-1961
Médico, escritor, professor e crítico de arte



João Baptista Barreira Júnior nasceu na rua Direita, em Chaves, no ano de 1866.

Após a conclusão da Instrução Primária prosseguiu os estudos na Escola Académica, na Quinta do Pinheiro, cidade do Porto. Aqui, foi discípulo de Basílio Teles, professor de Literatura e Filosofia. Integrou um emergente grupo de jovens intelectuais composto por António Nobre (1867-1900), Eduardo Coimbra (1864-1884), Hamilton de Araújo (1868-1888) e Alexandre Braga filho (1871-1921) e fez amizade com Guerra Junqueiro (1850-1923).
Dissertação inaugural / Bachelor ThesisEntre 1889 e 1892 frequentou a Escola Médico-Cirúrgica do Porto, respeitando a vontade paterna e não a sua, que era a de cursar Arquitetura. A escolha da área de Psiquiatria como especialidade foi determinada pela influência do psiquiatra e professor Júlio de Matos. Apresentou a dissertação inaugural intitulada O Delírio de Negações (sobre o “Síndrome de Cotard”).

Terminados os estudos regressou à Sorbonne por onde passara anos antes, a fim de assistir às lições do psiquiatra e neurologista Charcot (1825-1893) e frequentar as aulas do neurologista Édouard Brissaud (1852-1909).

Durante a sua estada em Paris visitou a casa dos irmãos e escritores naturalistas Edmond (1822-1896) e Jules de Goncourt (1830-1870), que funcionava como um salão de pintura.

Depois do regresso a Portugal exerceu Medicina (brevemente), no Porto.

Cerca de 1896 encontrava-se em Lisboa, participando no círculo literário frequentado pelos poetas Afonso Lopes Vieira (1878-1947), Augusto Gil (1873-1929) e Bulhão Pato (1829-1912) e pelos escritores Fialho de Almeida (1857-1911) e Eça de Queirós (1845-1900).

Em 1898 foi nomeado Médico de Partido na Caparica, ou seja, contratado como clínico geral pelo município de Almada.

Mais tarde, por proposta de Francisco Marques de Sousa Viterbo (1845-1910), foi convidado e reger a cadeira de Arqueologia na Escola de Belas Artes de Lisboa, onde lecionou também a 12.ª cadeira – História da Arte da Antiguidade.
Entre 1904-1905 e 1915 ministrou as disciplinas de Língua Portuguesa, Geografia e História Pátria e Língua Francesa na Escola Comercial Ferreira Borges, igualmente em Lisboa; e entre 1919 a 1936, Estética e História da Arte na Faculdade de Letras da Universidade de Lisboa.
Durante esse período representou a Escola de Belas Artes e a Faculdade de Letras no Congresso de Arte de Paris, de 1921, e no Congresso Internacional de História da Arte (Bruxelas, 1930). Reformou-se em 1936 e foi homenageado no ano seguinte.

João Barreira publicou em 1892 o seu primeiro livro intitulado Gouaches (Estudos e fantasias), obra com importância para o movimento simbolista português e ainda com mais significativa para a cena literária brasileira. Seguiram-se-lhe o livro pedagógico Arte Grega (1923), o conto sobre o período tardomedieval A morte do imaginário (1923), o livro Dois retratos de imaginários (1926), a coletânea de textos Silva de Arte (1928), o volume A escultura, edição para a Exposição Portuguesa em Sevilha (1929), As coisas falam (1933), o manual escolar História de uma Catedral (1937) e a obra simbolista Rota do Bergantim e outras alegorias (1947).
João Barreira escreveu, em 1890 e 1893, artigos para a Revista de Ciências Naturais e Sociais, órgão da Sociedade Carlos Ribeiro; em 1927, para o Guia de Portugal, coordenado por Raul Proença; e ainda para diversos jornais portugueses e brasileiros. Participou no catálogo Notas sobre Portugal: a Arquitectura e a Casa de Habitação em Portugal (1908) e na obra Centenário de Eça de Queirós (1945). Nas décadas de 40 e 50 coordenou os 4 volumes da coleção Arte Portuguesa. Colaborou ainda na Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira e nos Guides Bleues (editados pela Livraria Hachette), com artigos sobre monumentos portugueses. Publicou trabalhos na Gazette des Beuax Arts e fez várias traduções de obras francesas de escritores como Honoré de Balzac (1799-1850) e Gustave Flaubert (1821-1880).

Republicano e democrata, foi membro filiado do Partido Republicano (1885) e membro do Clube de Propaganda Democrática do Norte. Em 1891 participou no movimento do 31 de janeiro, colaborando com Rocha Peixoto na redacção do manifesto revolucionário, e com Adolfo d’Artayett escreveu um protesto aquando da visita do rei D. Carlos à Academia Politécnica do Porto, que lhe custou um processo.

Com a República foi eleito pelo círculo de Chaves como deputado republicano à Assembleia Nacional Constituinte (1911) e voltou a sê-lo noutra legislatura. Participou na nova Constituição e na produção das Leis de Proteção aos Monumentos Nacionais. Com o Estado Novo, abandonou a atividade política.

Muito por influência de Guerra Junqueiro, João Barreira cultivou o gosto pelo colecionismo ao longo da vida. Do espólio artístico reunido por si constam porcelanas da Companhia das Índias e da Inglaterra oitocentista, faianças de Delft, de Espanha e Portugal; azulejaria quinhentista, cerâmica das fábricas do Rato, de Miragaia e de Estremoz; vidros dos séculos XVIII e XIX, nomeadamente da Real Fábrica de Vidros da Marinha Grande; gravuras de Albrecht Dürer (1471-1528), Giovanni Battista Piranesi (1720-1778) e Francesco Bartolozzi (1725-1815); pintura portuguesa e francesa (séculos XVI a XIX), desenhos de autores como Domingos Sequeira; mobiliário nacional, holandês e francês (dos séculos XVII e XVIII); medalhas do ourives e escultor João da Silva; retratos seus pintados pelo mestre Columbano Bordalo Pinheiro (1857-1929) e pelo escultor Joaquim Correia (1920-2013) e aguarelas de António Carneiro.

No seu arquivo pessoal destaca-se a correspondência trocada com o amigo Manuel Monteiro (1879-1952), juiz e historiador de arte que, em 1912, foi testemunha do seu casamento com Maria Sofia, filha de António Arroio (1856-1934), e dos filhos do casal (João, Ana Maria e Manuel Barreira); com António Nobre, Rocha Peixoto, Júlio de Matos, Bulhão Pato; com o romancista francês Émile Zola (1840-1902) e, depois, com a sua viúva; com o escritor Edmond de Goncourt e os historiadores de arte Émile Mâle (1862-1954), Louis Réau (1881-1961) e o historiador e crítico literário e de arte Elías Tormo (1869-1957).

João Barreira foi cofundador da Sociedade Carlos Ribeiro em 1887, membro correspondente da Real Academia de História de Madrid e vogal honorário da Academia Nacional de Belas Artes de Lisboa.

Morreu em Paço de Arcos, Oeiras, a 28 de abril de 1961.

Dá nome a uma rua em Telheiras, Lisboa.
(Universidade Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2017)

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