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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

José de Almeida e Silva

José de Almeida e Silva 1864-1945 Pintor, escultor e escritor

José de Almeida e Silva Júnior, filho de José de Almeida e Silva e de Leonor Silva, nasceu em Viseu, na rua da Cadeia, a 15 de novembro de 1864.
Ainda jovem trabalhou como marçano na mercearia do pai.

O seu talento para o desenho foi premiado pelo brasileiro de torna viagem José Ribeiro de Carvalho e Silva, que patrocinou a sua entrada na Academia Portuense de Belas Artes. Nesta Escola, onde estudou entre 1882 e 1890, foi discípulo, entre outros, dos pintores Tadeu de Almeida Furtado e João António Correia e do escultor António Soares dos Reis.
Almeida e Silva recebeu também ensinamentos do mestre António José da Costa, especialista em pintura de flores, que muito o influenciou.

Nos tempos de estudante participou na 14.ª e 15.ª exposição trienais da APBA (1884 e 1887). Foi distinguido com o 2.º prémio de desenho - “desenho de estátua”, em 1884 -, com o 2.º prémio de desenho histórico - “desenho de estátua”, em 1885 - e com o Prémio Soares dos Reis em 1885. Recebeu um louvor e nota final de 18 valores com a tela Enterro de Cristo, apresentada na exposição de trabalhos escolares dos alunos da Academia, em 1890.

Terminados os estudos regressou a Viseu, tendo-se dedicado à pintura a partir de então, mas também ao ensino, em Viseu, na Escola Industrial Emídio Navarro, e na Marinha Grande.

José de Almeida e Silva participou regularmente nas exposições do Ateneu Comercial do Porto, do Grémio Artístico e da Sociedade Nacional de Belas Artes (Porto e Lisboa) e a sua pintura, romântica e naturalista, foi repetidamente premiada. Recebeu menção honrosa e medalha de 2.ª classe, em 1896, medalha de 3.ª classe, em 1897, e medalha de 2.ª classe, em 1899, atribuídas pelo Grémio Artístico; menção honrosa pela participação na Exposição Universal de Paris, em 1900, na Exposição Internacional de Rio de Janeiro, em 1908, na Exposição do Salão Nobre do Gabinete Português de Leitura no Rio de Janeiro, em 1925. Foi-lhe atribuída a medalha de prata pelo quadro A Lareira, na edição do mesmo certame, em 1922; a medalha de 2.ª classe, em 1935, e a medalha de ouro, em 1939, pela obra Hortaliceiras, da Sociedade Nacional de Belas Artes.

Da sua produção pictórica pode destacar-se: na pintura de género (e para além da obra “Hortaliceiras”, 1938), o “Regresso da Horta” (1941); na paisagem, “Azenhas do Pavia” (1914); e no retrato, “Menina das Camélias” (1912), o autorretrato (1932) e o retrato póstumo de Almeida Moreira (1941), todas obras do espólio do Museu Grão Vasco.
Em Viseu, executou a decoração do teto do átrio dos Paços do Concelho (1909-1916), tendo pintado no medalhão central a evocação alegórica panegírica à cidade de Viseu e no friso da cercadura, com 24 medalhões, retratado personalidades da história local; executou também os lambris de azulejos da escadaria nobre, representando o Comércio e a Indústria. Produziu o busto brônzeo de Camões (1913) e decorou a casa onde residiu, na Praça de D. Duarte, com um baixo-relevo alegórico à pintura e à escrita e com a pintura das efígies de Franz Halls, Rafael, Grão Vasco, Velasquez, Rubens e Rembrandt.

Ao longo da carreira, foi ainda autor dos títulos Pergaminhos (contos e fantasias Históricas), de 1931, e de Quinze dias de estudo na Exposição dos Primitivos Portugueses: A Escola de Pintura de Viseu, seu início e ramificações, de 1941. E, ainda, de artigos sobre Património, Arte, História e Etnografia.

Assumiu a direção artística e produziu a capa do Album Viziense: Jornal Litterario e Artistico (editado entre 1884 e 1885) e fez caricatura para publicações periódicas como Charivari, semanário humorístico ilustrado (editado a partir de 1886).

José de Almeida e Silva foi vogal correspondente do Conselho Superior dos Monumentos Nacionais (1902), sócio correspondente da Real Associação de Arqueólogos e Arquitectos de Lisboa e cofundador do Instituto Etnológico da Beira.

José de Almeida e Silva - pintor, desenhador, escultor, caricaturista, humorista, publicista e escritor - morreu em 1945.
A sua obra esteve exposta postumamente no Casino do Luso, em 1987, no XI Salão de Pintura da Feira de S. Mateus (Viseu), em 1995, e numa exposição temporária no Museu Grão Vasco, em 2011.

No cinquentenário da sua morte (1996), Almeida e Silva foi homenageado no complexo paroquial de Mangualde e numa exposição evocativa no Museu Grão Vasco.
(Universidade do Porto Digital / Gestão de Documentação e Informação, 2015)