Henrique António Guedes de Oliveira 1865-1932 Publicista, escritor, fotógrafo e professor |
Henrique António Guedes de Oliveira, filho de Carolina Amélia Guedes Mancilha e Vasconcelos e de António de Oliveira, nasceu no lugar de Ingilde, em Campelo, concelho de Baião, no mês de janeiro de 1865. Com um ano de idade foi, com os pais, viver para o Porto.
Entre 1879 e 1901 cursou Arquitetura na Escola de Belas Artes do Porto, vindo mais tarde a ser professor de História de Arte na Antiguidade e de História Geral da Arte e diretor dessa Escola entre 1919 e 1929.
Durante a adolescência deixou transparecer a sua veia artística e o seu interesse pela política. Colaborou em folhas humorísticas e jornais operários como A Rabeca do Diabo, O Protesto, A Voz do Operário (Lisboa) e O Operário (Porto) e escreveu no jornal O Bejense.
Em 1883 publicou o primeiro livro de versos intitulado Cáusticos, bem como folhetos panfletários em verso, sob o pseudónimo Tito Litho. Escreveu também versos humorísticos no jornal A Paródia, que foram acompanhados de caricaturas da autoria de Manuel Monterroso e de Rafael Bordalo Pinheiro. Publicou as obras Tauromaquia alegre e Jornal de um espectador, a partir de crónicas editadas n’O Primeiro de Janeiro, jornal onde trabalhou durante 34 anos. Foi redator do jornal humorista Zé Povinho e participou na revista Tam-Tam.
Henrique Guedes de Oliveira também se dedicou à fotografia. Trabalhou inicialmente na firma Sala & Irmão de Fulgêncio da Costa Guimarães, de que se tornou sócio a partir de 1886 (nesta altura, a firma foi renomeada e passou a designar-se Guimarães & Guedes, Sucessores de Sala & Irmão). Em 1892 fundou a Photographia Guedes, situada no n.º 262 da rua de Santa Catarina, no Porto. O seu acervo fotográfico pertence hoje à Câmara Municipal do Porto.
Este estúdio, muitas vezes premiado, era o preferido dos artistas de teatro e das figuras notáveis do Porto. Foi palco de encontros de artistas e de exposições de arte de autores como Carlos Reis, Veloso Salgado e António Teixeira Lopes.
Guedes de Oliveira foi também autor e produtor de peças populares de teatro - Por dentro e por fora, Na corda bamba, O cosmorama, e Ali à… preta!, datadas de 1897, com fundo musical de Ciríaco Cardoso (1846-1900). Estas peças fizeram grande sucesso tanto em Portugal como no Brasil. É da sua autoria a peça intitulada Vida airada, que estava em cena na noite do trágico incêndio do Teatro Baquet, a 20 de março de 1888. Guedes de Oliveira também escreveu operetas - tais como Licor de ouro e Capitão Metralha, de igual modo musicadas por Ciríaco Cardoso -, cançonetas, “a propósitos” e monólogos.
Guedes de Oliveira pertenceu aos corpos dirigentes da Associação dos Jornalistas e Homens de Letras do Porto e integrou a Comissão de Estética da Câmara Municipal do Porto. Juntamente com artistas de prestígio, como José Marques da Silva, organizou, em 1898, a Sociedade de Belas Artes, instituída em 1905 com o nome de Sociedade Portuense de Belas Artes.
Foi distinguido com a Medalha de Ouro da Exposição Internacional Portuguesa, o Diploma e Medalha de Ouro de Vermeil da Exposição Universal de Dijon e com a comenda da Ordem de Santiago da Espada.
Foi casado com Margarida da Conceição Correia e viveu na Casa da Levada, em Rio Tinto.
Morreu a 13 de fevereiro de 1932, no lugar de Chão Verde, Rio Tinto.
Em 2006 foi-lhe dedicada uma exposição que teve lugar no Arquivo Histórico Municipal do Porto, conhecido como Casa do Infante.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2014)