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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

César de Oliveira

Fotografia de César de Oliveira / Photo of César de Oliveira César de Oliveira
1941-1998
Historiador e político



António César Gouveia de Oliveira nasceu a 26 de março de 1941, no lugar de Fiais da Beira, freguesia de Ervedal da Beira, concelho de Oliveira do Hospital.

Fez os estudos liceais no Colégio Braz de Mascarenhas, em Oliveira do Hospital, e no Liceu D. João III (hoje Liceu José Falcão), em Coimbra.
Em 1959 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra. Começava a viver-se um período de grande agitação estudantil e foi neste ambiente universitário que César de Oliveira iniciou o combate antifascista. Participou na campanha eleitoral para a Assembleia Nacional (1961), aderiu ao Partido Comunista Português, que lhe atribuiu o pseudónimo “Hugo” e no qual militou até 1962. Participou nas lutas estudantis de 1962.

Depois de ser expulso da universidade, por se ter recusado a entregar documentação relativa a uma Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra que tinha secretariado, inscreveu-se no curso de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto. Nesta Faculdade conheceu aquela que viria a ser a sua mulher, Beatriz Martins, assim como Januário Torgal, seu condiscípulo, que os haveria de casar em Março de 1964.

Entretanto, em 1963 foi chamado a cumprir o serviço militar. Partiu em maio do ano seguinte para Angola. Durante os anos aí passados tornou-se amigo de Ernesto Melo Antunes (1933-1999).

De volta a Portugal, procurou refazer a vida. Começou a trabalhar no Banco Português do Atlântico e terminou o curso, em 1969. Como dissertação de licenciatura apresentou um trabalho intitulado Contribuição para o estudo da filosofia política do socialismo em Portugal na segunda metade do século XIX.

Logotipo Edições Afrontamento / Logo of Edições AfrontamentoEntre 1966 e 1969 fez parte do Sindicato dos Bancários do Porto, associou-se à Cooperativa Cultural Confronto, ajudou a fundar a Editorial Afrontamento e a imprimir-lhe o cunho de referência no âmbito das ciências sociais e humanas. Participou no “Maio de 1968” e na campanha de 1969, tendo cooperado com a Comissão Democrática Eleitoral.

Trabalhou na empresa Mabor até julho de 1970 – tratou-se de um período curto de tempo, pois foi despedido devido à sua atividade como sindicalista. Dedicou-se então ao ensino, tendo lecionado numa escola privada de S. João da Madeira, no Colégio Brotero, Porto, e numa escola do Ciclo Preparatório de Vila Nova de Gaia (1971). Durante este período nunca deixou de colaborar na História do Movimento Operário, iniciativa editorial da Afrontamento.

Capa do Livro História dos Municípios e do Poder Local / Book História dos Municípios e do Poder LocalApesar de licenciado em Filosofia, dedicou-se à investigação histórica do período contemporâneo. Numa primeira fase, estudou a História do Operariado e do Sindicalismo, ficando conhecido como o “Historiador da Classe Operária”; depois, enveredou pelas relações do Estado Novo com a República Espanhola, e, por fim, desenvolveu investigação sobre a História da Administração Local. Foi neste contexto que coordenou um projeto sobre A Imagem da Europa, os Factores Educacionais e o Desenvolvimento da Região Centro e dirigiu a obra História dos Municípios e do Poder Local.

Por esta altura, foi convidado pelo historiador Joel Serrão (1919-2008) a integrar o corpo docente do Instituto Superior de Economia (atual ISEG). Aqui começou a docência, em 1972, e entre maio de 1974 e maio de 1975 foi contratado como assistente eventual de História Económica e Social.

Nessa época trabalhou, também, no Gabinete de Investigações Sociais e na Revista Análise Social. Integrou as comemorações do centenário do Diário de Lisboa e fez parte do “Grupo do Flórida”, composto por Jorge Sampaio, Joaquim Mestre, José Manuel Galvão Teles, João Cravinho, João Bénard da Costa, entre outros, que se reunia no bar do hotel Flórida, em Lisboa.

Após o 25 de Abril de 1974, que viveu intensamente, formou o Movimento de Esquerda Socialista, que abandonou em dezembro desse ano. Depois do 11 de março de 1975, foi convidado para adjunto do ministro Correia Jesuíno, numa altura em que trabalhava no Ministério da Comunicação Social.

Logotipo Município de Oliveira do Hospital / Logo of the city of Oliveira do HospitalNos anos seguintes, fundou a Frente Operária e a União de Esquerda para a Democracia Socialista (1977) e associou-se à Frente Republicana e Socialista. Mais tarde, foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo de Faro (1980). Tornou-se militante do Partido Socialista e apoiou a candidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República. Nos anos 90, presidiu à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital (1990-1994), foi eleito membro da Assembleia Municipal de Lisboa e da Assembleia da Área Metropolitana de Lisboa (1994) e colaborou com o ministro João Cravinho na área do ordenamento territorial.

O desempenho de cargos públicos não o fez esquecer a investigação científica e a carreira universitária. Em 1986, doutorou-se no Instituto Superior de Ciências Políticas de Lisboa, tendo defendido a tese A consolidação do salazarismo e a guerra civil de Espanha. Passou a desempenhar funções como professor auxiliar do ISCTE, ficando responsável pela cadeira de História Contemporânea de Portugal, da licenciatura em Sociologia, e coordenador da área de História. Em 1993, tomou posse como professor auxiliar agregado e, em 1997, como professor catedrático convidado. Nesta Escola também ministrou as cadeiras de Política Externa Portuguesa, no curso de Mestrado de História Contemporânea e de História Contemporânea de Portugal, no 1.º semestre da licenciatura em Economia.
César de Oliveira lecionou, também, na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Coordenou o curso de pós-graduação em Gestão Autárquica no Instituto Superior de Gestão, colaborou na licenciatura em Ciência Política da Universidade Internacional e chefiou a delegação de Lisboa da Agência Noticiosa italiana Inter Presse Service (1975-1977).

Morreu a 15 de junho de 1998, vítima de doença prolongada. No depoimento que Mário Soares escreveu sobre César de Oliveira lê-se : "César de Oliveira morreu, infelizmente, muito novo. Foi um jovem generoso que lutou, desde novo, contra a ditadura […], figura de grande comunicabilidade, um excelente conversador, um homem bom, aberto e generoso".
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2014)

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