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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Joaquim Rafael

Joaquim Rafael 1783–1864 Pintor e professor

Joaquim Rafael Rodrigues, filho de Bento José Rodrigues, cocheiro do bispo D. Frei João Rafael de Mendonça (1771-1793), nasceu na rua do Postigo do Sol, no Porto, a 3 de fevereiro de 1783.

Aos 11 anos de idade terá ingressado na casa-oficina de Domingos Francisco Vieira, pintor e comerciante morador à Porta do Olival e pai do futuro "Vieira Portuense" (Francisco Vieira Júnior), de quem se tornou "discípulo dilecto".
A 23 de novembro de 1802 inscreveu-se na Aula de Debuxo e Desenho, da Companhia Geral da Agricultura das Vinhas do Alto Douro, na classe de discípulo extraordinário, de que era professor substituto o pintor Domingos Vieira.

Joaquim Rafael executou diversas pinturas para a Câmara Municipal do Porto. Umas, destinadas aos festejos comemorativos da expulsão dos franceses da cidade (os festejos tiveram lugar em 1808, em frente à Casa Pia); outras, para os arcos levantados à entrada do Poço das Patas, hoje Campo 24 de Agosto, e ao cimo da rua de Santo António, atual rua de 31 de Janeiro, destinados à receção dos regimentos que regressavam das Guerras Peninsulares, em 1814; e, ainda, diversos painéis para as iluminações da cidade, realizados entre 1820 e 1823. É também o autor da tela “Ascensão de Cristo”, concebida para a Igreja da Irmandade das Almas de Santa Catarina (1815).

Em Braga, trabalhou para o mosteiro beneditino de Tibães, na coleção de retratos dos abades da Sala dos Capítulos Gerais e na seleção de pinturas a integrar na coleção iniciada com o legado do mestre José Teixeira Barreto.

Em Lisboa, cidade onde se fixou a partir de finais de 1824, foi nomeado Primeiro Pintor da Câmara e Corte, a 20 de junho de 1825 (mais tarde, o seu filho primogénito, António Rafael Rodrigues, foi nomeado para o ajudar) e lente de Desenho Histórico da Academia de Belas-Artes (1836). Pintou, entre outros, o retrato do conde de Subserra, ministro de Estado, e o retrato de D. Maria II, para a Sala da Câmara dos Deputados, no convento de S. Bento. Apresentou esbocetos na trienal de 1843 ("Morte de Santa Teresa", "A assunção de Nossa Senhora" e "A ascensão de Cristo"). Participou nas primeiras exposições trienais da Academia de Belas-Artes de Lisboa, com pintura e escultura, tendo-se distinguido na de 1842 com a apresentação de três telas sobre Santa Teresa (Transfiguração, Concepção e Morte). Na mostra de 1852 exibiu "Um pai, sendo atacado por salteadores, reconhece o filho no meio deles", "Tomada de Évora", "A ceia do Senhor" e "S. Nicolau".

Dedicou-se também à cenografia, à arte funerária e à escultura. É o autor dos bustos de D. João VI e de D. Carlota Joaquina patentes no Palácio Nacional da Ajuda.
Existem telas de sua autoria no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto.

Joaquim Rafael foi um artista respeitado e elogiado pela imprensa do tempo, apesar de, por vezes, ter sido criticado por sacrificar a qualidade à rapidez de execução. Esta caraterística do seu desempenho ter-lhe-á valido o cognome de "o Pedro Alexandrino do Norte", atribuído pelo conde de Raczynski.

No dia em que completou 22 anos de idade casou com Maria Francisca da Purificação, sobrinha de Domingos Francisco Vieira, entretanto falecido em agosto de 1803. Desta união nasceram um filho e duas filhas. O último parto provocou a morte da mãe, a 13 de dezembro de 1810.

Cinco mais tarde, no dia 8 de maio de 1815, Joaquim Rafael voltou a contrair matrimónio, desta vez com Margarida Emília, filha do artista Manuel Moreira da Silva, tendo tido 9 filhos, três dos quais também seguiram carreira nas artes – Balbina, Urbano e Bernardo, nascidos em 1817, 1818 e 1819, respetivamente.

Morreu em Lisboa a 14 de agosto de 1864.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2014)