Cândido da Cunha 1866-1926 Pintor |
"A arte de Cândido da Cunha revela, na sua doce espiritualidade, quietação e nostalgia. Por isso, ele foi um admirável pintor de tonalidades
crepusculares, dando-nos, nos seus melhores quadros, com surpreendente verdade, até as próprias sombras da noite”.
(Joaquim Costa, 1926)
António Cândido da Cunha, filho de José Joaquim da Cunha, desenhador de projetos arquitetónicos e músico barcelense, nasceu em Barcelos, norte de Portugal, em 1866.
Durante a infância evidenciou aptidão para o desenho e para a música, possivelmente por influência paterna. Já no Porto, frequentou a Academia Portuense de Belas Artes, entre 1883 a 1894. Nesta Escola, foi aluno de António Sardinha, a Arquitetura Civil; de Marques de Oliveira, a Desenho; de João António Correia, a Pintura Histórica. Conquistou o Prémio Soares dos Reis (1892) e terminou o curso de Pintura Histórica após a apresentação da prova Agar e Ismael no deserto, classificada com 18 valores e merecedora de louvor.
No Porto, participou nas Exposições d’Arte, promovidas pelos pintores António José da Costa, João Marques de Oliveira e Júlio Costa (entre 1893 e 1897).
Em Lisboa, expôs no Grémio Artístico a partir de 1896, tendo conquistado a medalha de 2.ª classe, em 1898, com o último trabalho escolar.
Entre 1896 e 1898, estudou em Paris na Academia Julien, sob a proteção régia de D. Carlos e a expensas do Estado Português. Nesse período aperfeiçoou a sua arte com Jean-Paul Laurens (1838-1921) e Benjamim Constant (1845-1902) e foi admitido no Salon de 1898 com a obra Viático na aldeia, pintada em Finisterra, na Bretanha, e aclamada pela crítica parisiense. Esta tela, considerada a sua obra-prima e que lhe valeu uma 3.ª medalha na Exposição Universal de Paris de 1900, perdeu-se no naufrágio do vapor Santo André, dela restando apenas um esboceto no Museu Nacional de Soares dos Reis, Porto. Outro dos seus trabalhos mais emblemáticos designa-se Últimos raios de sol (1897).
No final de 1898, já em Portugal, pintou paisagens de Barcelos, Esposende e Águeda. Entre 1902 e 1915 participou nas mostras da Sociedade Nacional de Belas Artes e de 1909 a 1911 expôs no Porto. No final da carreira participou em exposições particulares.
Cândido da Cunha foi casado com Joaquina Machado da Cunha.
Morreu no Porto a 16 de outubro de 1926.
Postumamente, em novembro de 1926, um grupo de amigos e admiradores promoveu uma exposição em sua homenagem, no Salão Silva Porto.
Existem pinturas suas na Casa dos Patudos – Museu de Alpiarça, no Paço Ducal de Vila Viçosa, no Museu Grão Vasco, em Viseu, no Museu Nacional de Soares dos Reis, na Casa Museu Marta Ortigão Sampaio, no Club Portuense (Porto) e em várias coleções particulares.
Na Biblioteca Pública Municipal do Porto guardam-se desenhos do artista, cartas recebidas de personalidades como António Carneiro, António Teixeira Lopes ou Marques de Oliveira, cartas de terceiros, documentos biográficos e fotografias, e ainda objetos pessoais relacionados com a sua arte.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2014)