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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Raul Maria Pereira

Fotografia de Raul Maria Pereira / Photo of Raul Maria Pereira Raul Maria Pereira
1877-1933
Pintor, arquiteto e diplomata



Raul Maria Pereira retratado por Joaquim Lopes / Portrait of Raul Maria Pereira by Joaquim LopesRaul Maria Pereira, filho de Joaquim Maria Pereira e de Filomena de Jesus Alves, nasceu a 18 de Junho de 1877, no seio de uma família de lavradores durienses, em Donelo, aldeia de Covas do Douro, concelho de Sabrosa.
Era ainda muito jovem quando ficou órfão de mãe e viu o pai partir para o Porto, à procura de trabalho. Mais tarde, com os seus dois irmãos, reuniu-se com o pai depois do segundo casamento deste. Por intervenção da madrasta que, ao reconhecer os dotes artísticos do jovem Raul não receou contrariar a vontade paterna de o encaminhar para uma carreira religiosa, ingressou na Academia de Belas Artes do Porto em 1890.

Retrato de Acácio Lino / Portrait of Acácio LinoNesta Escola, frequentou os cursos de Desenho Histórico, Escultura, Anatomia Artística, Arquitectura Civil e Pintura Histórica, tendo sido discípulo e amigo de Marques de Oliveira e condiscípulo de Paulino Gonçalves e Acácio Lino.

No Porto, frequentou o atelier do pintor transmontano João Augusto Ribeiro, o que foi determinante para a sua formação pois, para além de lhe ensinar pintura, despertou nele o interesse pela Literatura, pela História e pela Filosofia.

Enquanto estudante, visitou Salamanca, atraído pela cor da cidade e por alguns dos seus espaços, como a Casa das Conchas, o Palácio de Monterey e a Praça dos Colégios Menores, e Madrid, onde buscava inspiração nas telas dos grandes mestres do Museu do Prado. Para ajudar a suportar as despesas com os estudos, retocava e ampliava fotos no atelier fotográfico de Raul de Caldevilla - a Fotografia União - e fazia retratos a crayon. Foi por esse tempo que a reivindicação de um lavatório e de uma toalha na sala de aula, ambos negados pela direção da academia portuense, lhe valeram um ano de suspensão.

Raul Maria Pereira em Guayaquil, 1914 / Raul Maria Pereira in Guayaquil, 1914Em 1901 concluiu o 5º ano de Pintura Histórica, com a classificação de dezasseis valores. No ano seguinte, concorreu, com Acácio Lino e Manuel José Teixeira da Silva, da escola do Porto, e Constantino Álvaro Sobral Fernandes, da de Lisboa, ao lugar de pensionista do Estado no estrangeiro, na classe de Pintura Histórica. Apesar de perder a competição para Constantino Fernandes, veio a auferir, em 1903, de uma bolsa de estudo em Roma, por quatro anos, patrocinada pelo visconde de S. João da Pesqueira, que se encantara com o retrato a óleo do conde de Paço Vieira, que o artista produzira. Tratava-se de uma figura que Raul conhecera enquanto frequentava o espaço da Fotografia União.

Durante o pensionato no estrangeiro, instalou um atelier em Roma e aproveitou para viajar pelos centros artísticos de Itália e Grécia e de cidades como Viena, Budapeste, Istambul, Munique, Paris e Madrid.
Nesta fase da sua vida estudou a representação pictórica da figura humana e de paisagem na Academia de Roma. Pintou retratos e paisagens, produziu cópias de obras de Ticiano, Van Dyck e Velásquez e participou no Gran Salon de Roma, de 1907. Neste certame artístico apresentou três quadros, entre os quais "Donna Veneziani", que foi comprado pelo governo italiano. Ainda em 1907 foi contratado por D. Pedro Travesari, diretor da Escola de Belas Artes de Quito, que, a mando do governo equatoriano, procurava recrutar professores para a sua escola na capital italiana.

Antes de seguir para o Equador, Raul Pereira passou por Portugal, onde retratou os membros da família dos viscondes da Pesqueira e foi condecorado com a Ordem de Cristo.

Paisagem de Quito, óleo sobre tela de Raul Maria Pereira / Portrait of Quito Landscape, oil on canvas by Raul Maria PereiraEm 1908, viajou para o Equador. Contudo, o seu trabalho como professor foi de curta duração. Após o abandono da docência começou uma nova carreira na área da arquitetura, passando a riscar edifícios estatais. Entre outras obras, projetou o "Palacio de la Exposición" (atual sede do Ministério da Defesa do Equador), edificado para comemorar o centenário do primeiro grito de independência (10 de Agosto de 1809), inaugurado a 10 de Agosto de 1909 e que abriu portas a 8 de Setembro do mesmo ano com "La Exposición Internacional de Muestras." Traçou também a nova fachada do Palácio Municipal de Quito, o Palácio Municipal de Latacunga, em pedra vulcânica, a Biblioteca e Museu Municipal Guayaquil, o Mercado Municipal e o Mausoléu do segundo Presidente do Equador, Vicente Rocafuerte (1783-1847), no cemitério de Guyaquil.

Elvira de Veintemilla Vivanco, mulher de Raul Maria Pereira / Elvira de Veintemilla Vivanco, wife of Raul Maria PereiraEm 1914, casou-se em Guyaquil com Elvira de Veintemilla Vivanco, uma peruana natural de Lima, filha do compositor equatoriano José Ignacio de Veintemilla Marconi, com quem teve 9 filhos. Pelo seu grande amor à arte, e particularmente à arte colonial, transformou a sua casa num museu. Em 1915 foi nomeado cônsul dos Estados Unidos do Brasil em Guayaquil.

Casa Mourisca / Casa MouriscaEntre 1917 e 1918 transferiu-se para Lima, capital do Peru, sendo muito bem recebido pela imprensa. Nesta cidade, onde passou os últimos anos da sua vida, construiu uma mansão em estilo mourisco para a família, deu continuidade à sua carreira artística e, paralelamente, desenvolveu uma carreira diplomática.

Foi Cônsul de Portugal (nomeado em 1920) e Cônsul Geral de Portugal (nomeado em 1922), representando o seu país de origem como Ministro Plenipotenciário em 1921, nas comemorações do Centenário da Independência do Peru, em Lima. Esta escolha foi ditada por se tratar de uma personalidade "a quem rodeia a estima e apreço gerais, que retratou, pode dizer-se, todas as figuras de relevo, masculinas e femininas, da sociedade, da política e das letras peruanas, que é o construtor de alguns dos principais edifícios de Lima, etc".

Retrato da filha mais nova do pintor, Gulnara Alice, com traje minhoto (óleo sobre tela) / Portrait of the painter's youngest daughter, Gulnara Alice, with costume of Minho (oil on canvas)

No início dos anos 20 do século XX, foi encarregado de executar os planos de melhoramento e ampliação do "Correo Central de Lima" e da ampliação do "Museo Bolivariano" (rebatizado "Museo de la Magdalena" e hoje conhecido como Museu Nacional de Arqueologia, Antropologia e História do Peru).

Retrato com boneca da filha do pintor, María da Graça (óleo sobre tela) / Portrait of Maria da Graça, daughter of the painter (oil on canvas).Em Lima pintou mais de cem retratos de personalidades da cultura e sociedade local e inúmeros retratos da sua família. Em 1932 expôs com sucesso parte da sua obra nos salões da Biblioteca da "Sociedad Entre Nous."

Morreu em Lima a 16 de Janeiro de 1933, vitimado por uma infeção dentária que degenerou em septicemia. No dia seguinte, no funeral, estiveram presentes os seus amigos, intelectuais, artistas, representantes da escola de Belas Artes e o decano do Corpo Consular de Lima.

Em Portugal, as suas obras guardam-se no Seminário Maior do Porto e entre os herdeiros do visconde de S. João da Pesqueira, seu primeiro patrono.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012)

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