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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Manuel Ferreira

Manuel Ferreira 1890-1963 Médico, botânico e professor universitário

Manuel Joaquim Ferreira nasceu em S. Martinho do Campo, Póvoa de Lanhoso, a 18 de março de 1890.

Estudou nos liceus de Braga e Guimarães e concluiu o Curso Complementar de Letras. De seguida, cursou Teologia no Seminário Conciliar de Braga, embora não tenha enveredado pela carreira eclesiástica.

Transferiu-se para a área liceal de Ciências para depois frequentar o curso de Medicina na Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, licenciando-se em 1923.

No início dos anos 20, ainda estudante, foi nomeado 1.º assistente do 2.º grupo (Botânica), da 3.ª Secção (Ciências Histórico-Naturais) da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto.
Obteve o grau de doutor em Medicina após defesa da tese de doutoramento "A Pelagra no concelho de Póvoa de Lanhoso: estudo clínico e analítico de 35 observações pessoais", publicada no Porto, pela Tipografia Porto Médico, em 1927. Este livro viria a fazer parte da coleção de obras científicas portuguesas que o Instituto para a Alta Cultura apresentou em França, no final da década de 1940.
Em Julho de 1929, juntamente com Fernão Couceiro da Costa, de Matemática, e Armando de Vasconcelos Laroze Rocha, de Farmácia, foi investido no grau de Doutor em Medicina, na primeira cerimónia pública de imposição das insígnias doutorais. Teve por padrinho o Dr. Tiago de Almeida e o seu elogio foi feito pelo Dr. Rocha Pereira.
Em maio de 1931, precedendo concurso, foi nomeado professor auxiliar do 2.º grupo – Botânica - da Faculdade de Ciências. Em Outubro de 1938 foi contratado como professor catedrático do mesmo grupo e, em Janeiro de 1942, ascendeu à cátedra, com a propriedade da cadeira de Botânica Sistemática. Em 1956 esta cadeira foi substituída pela de Biologia.
Manuel Ferreira foi, também, professor da cadeira de Criptogamia e diretor do Laboratório de Criptogamia e fermentações da Faculdade de Farmácia da Universidade do Porto entre 1956 e 1960, Bibliotecário da FCUP entre 1947 e 1949 e Secretário da mesma faculdade entre 1951 e 1953. Dirigiu o Instituto de Zoologia "Dr. Augusto Nobre", para o que foi nomeado interinamente por portaria de 20 de março de 1953, tendo exercido o cargo até 23 de março de 1954. Foi também diretor do Instituto de Botânica "Dr. Gonçalo Sampaio" até 1960, após nomeação por portaria de 4 de abril de 1956, tendo tomado posse a 14 do mesmo mês. Foi vogal da Comissão Permanente da Farmacopeia Portuguesa e diretor do Centro de Estudos de Ciências Naturais, do Instituto para a Alta Cultura.
Na Universidade do Porto, proferiu a oração de sapiência na cerimónia de abertura solene das aulas do ano letivo de 1947-1948. O texto, publicada no "Anuário da Universidade do Porto" de 1947-1948, tinha como título "Perspetivas da Biologia Geral. Das enzimas aos antibióticos".
Na disciplina de Botânica, estudou os fenómenos de antibiose entre fungos, especialmente a ação da Lusomicina, deixando inúmeros trabalhos de investigação, sobretudo em publicações periódicas - "Arquivos de Clínica Médica" e "Porto Médico".

Manuel Ferreira foi casado com Rita Carolina Gomes Ferreira. Jubilado desde 1960, faleceu com 72 anos na sua casa, rua do Amial, durante a madrugada de 22 de fevereiro de 1963. Nesse dia, no edifício histórico da Universidade do Porto e nos das faculdades de Medicina e Farmácia, a bandeira foi colocada a meia haste. Os responsos foram rezados na Igreja da Ordem da Lapa e o cortejo fúnebre seguiu até ao cemitério de São Martinho do Campo. A chave da urna foi entregue ao professor e reitor Correia de Barros.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012)