Manuel António de Moura 1838-1921 Pintor e restaurador |
Manuel António de Moura nasceu em Vila Flor, na Terra Quente Transmontana, a 22 de Março de 1838. Era filho de Domingos José de Moura e de Emília Raquel.
A sua vocação para o desenho levou-o a fixar-se no Porto para cursar Pintura Histórica na Academia Portuense de Belas Artes.
Ainda estudante, participou na IX e X Exposição Trienal da Academia, em 1866 e 1869, respetivamente, e depois de concluir o curso associou-se ao XII destes certames. Mais tarde, integrou a exposição do Grupo do Salão (1893), realizada no Palácio de Cristal, na qual obteve o 1.º Prémio Visconde da Trindade (medalha de ouro) com a obra "Cristo Crucificado", hoje pertencente ao acervo artístico da Santa Casa da Misericórdia do Porto.
Na qualidade de restaurador, recuperou para aquela instituição portuense a tela flamenga quinhentista - "Fons Vitae" -, considerada como uma das obras de arte mais importantes da cidade do Porto, que Manuel António de Moura fotografou antes de começar o seu trabalho. Para além do Fons Vitae, Manuel António Moura reabilitou três óleos quinhentistas de Diogo Teixeira (dos cinco que compunham o primitivo retábulo da Igreja da Misericórdia) e a imagem de Nossa Senhora da Misericórdia que voltou a estofar, em 1885. Manuel Moura realizou outros trabalhos para diversas instituições religiosas, como a Irmandade da Lapa, a Irmandade do Terço, a Ordem Terceira do Carmo, a Ordem dos Clérigos e a Ordem Terceira de S. Francisco. Para esta última restaurou a cópia do quadro de Santa Maria de Cortona. Também recuperou um retrato de D. Carlos, que fora danificado durante a Revolta de 31 de Janeiro de 1891.
No que se refere à produção pictórica, Manuel Moura notabilizou-se como retratista. Entre os seus retratos mais célebres conta-se o de D. Antónia Adelaide Ferreira (1811-1896), conhecida como "Ferreirinha" ou "Ferreirinha-da-Régua", ainda hoje usado como imagem das marcas "Porto Ferreira" e "Casa Ferreirinha" da empresa Sogrape Vinhos.
Na sua terra de origem, deixou telas na Igreja Matriz (representação de Nossa Senhora da Conceição, datada de 1878) e no Museu Municipal Dr.ª Berta Cabral. A sua obra também está representada no museu da Faculdade de Belas Artes da Universidade do Porto, na Santa Casa da Misericórdia de Mirandela e em coleções privadas.
Manuel António de Moura, patriarca de uma família de artistas ilustres - pai do pintor Tomaz de Moura (1873-1955) e avô do pintor e restaurador Abel de Moura (1911-2003), que o retrataram para a posteridade, morreu no Porto a 8 de Dezembro de 1921.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2012)