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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Joaquim Sarmento

Joaquim Sarmento 1916-2018 Engenheiro e professor universitário

Joaquim Augusto Ribeiro Sarmento, filho de Joaquim Augusto Sarmento e de Augusta de Magalhães Ribeiro Sarmento, nasceu no Porto, no dia 15 de Dezembro de 1916.

Na sua juventude frequentou o Liceu Alexandre Herculano, os preparatórios do Curso de Engenharia Civil, na Faculdade de Ciências da Universidade do Porto (1933/1936), e o curso de Engenharia Civil da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto, que concluiu no ano letivo de 1938/1939, com a classificação final de dezassete valores.

Em 1940 foi nomeado Segundo Assistente do I Grupo (Construções Civis) da FEUP, ficando responsável pela regência de trabalhos práticos das cadeiras de Resistência de Materiais e Estabilidade (1ª e 2ª partes) e pelos serviços técnicos oficiais do Laboratório de Ensaio de Materiais.

Em 1944, Joaquim Sarmento foi aprovado, por unanimidade, nas provas de doutoramento em Engenharia Civil na Faculdade de Engenharia e, no ano seguinte, foi contratado para Primeiro Assistente. No exercício desta função recebeu a incumbência da regência das aulas teóricas das cadeiras de Materiais e Processos Gerais de Construção (1944-1545/1956-1957) e de Resistência de Materiais e Estabilidade, 1ª parte (1947-48/1956-57) e, ainda, da supervisão dos trabalhos práticos da primeira daquelas cadeiras, assim como de Cimento Armado (disciplina mais tarde designada Betão Armado e Pré-esforçado) e de Arquitetura.

Em 1957, foi nomeado Inspetor Superior de Obras Públicas e Comunicações do Conselho Superior de Fomento Ultramarino. Neste cargo, redigiu pareceres sobre matérias respeitantes a obras de desenvolvimento das então províncias ultramarinas portuguesas (obras portuárias, engenharia sanitária, pontes e estradas, e barragens), foi nomeado para missões especiais em Cabo Verde, Angola e Moçambique, representou o Ministério do Ultramar na Comissão de Revisão do Vocabulário de Estradas e Aeródromos e o Conselho Superior de Fomento Ultramarino na Comissão Interministerial do Plano de Fomento.

Em 1961 cessou as suas funções no Ministério do Ultramar para assumir o cargo de Professor Catedrático contratado, além do quadro, do I Grupo da FEUP, a fim de lecionar as aulas teóricas da cadeira de Resistência de Materiais.
Em Setembro desse ano, com a Universidade de Coimbra, associou-se ao II Curso de Férias no Ultramar, tendo lecionado disciplinas que versaram o tema “Cálculo das estruturas nos estados limites. Aplicação ao Betão Armado”, em Luanda e Lourenço Marques.

No ano letivo seguinte (1962-1963), fez parte do júri de concurso para investigadores no Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1962), assegurou as aulas teóricas da cadeira de Resistência de Materiais e Elementos de Estabilidade e foi aprovado por unanimidade nas provas para Professor Agregado da Faculdade de Engenharia da Universidade do Porto (1963).
Nessa Faculdade, regeu as cadeiras de Betão Armado e Pré-esforçado e a de Resistência de Materiais (1963-1979), manteve a docência da cadeira renomeada Betão Armado e supervisionou um Seminário de Estruturas. Ascendeu à categoria de Professor Catedrático Efetivo em 1968 e dirigiu a Faculdade de Engenharia entre Dezembro de 1973 e Abril de 1974.

Depois de jubilado, em 1986, Joaquim Sarmento participou em júris de provas de doutoramento em Engenharia Civil, bem como em júris de concurso para lugares de professor extraordinário, na FEUP.

A sua carreira brilhante na área da Engenharia permitiu-lhe associar-se institutos, associações e academias de prestígio. Joaquim Sarmento foi membro do Centro de Estudos de Engenharia Civil, do Instituto de Alta Cultura, vogal do Conselho Superior das Obras Públicas, membro da Associação Internacional de Pontes e Estruturas e da Delegação Portuguesa ao "Comité Européen du Béton"; é membro do American Concrete Institute, do Grupo Português de Pré-esforçado da Fédération Internationale de la Précontrainte e membro emérito da Academia de Engenharia. Recebeu diversos galardões, foi distinguido com o Prémio de Investigação Manuel Rocha, do Laboratório Nacional de Engenharia Civil (1987), com o Prémio Leonardo da Vinci do SEFI (Société Européenne pour la Formation des Ingénieurs), o qual foi concedido pela primeira vez em 2003 a um português, e com a Grã-Cruz da Ordem da Instrução Pública (2005).

Dos seus tempos de estudante universitário, Joaquim Sarmento recorda a excelência dos professores Correia de Araújo, Teotónio Rodrigues, Almeida Garrett e Bonfim Barreiros, e a genialidade do colega Edgar Cardoso.

Dos trabalhos de engenharia que fazem parte do seu currículo, destaca o Estádio do Futebol Clube do Porto (o já desaparecido Estádio das Antas), as igrejas do Carvalhido e das Antas e os mercados de Matosinhos e do Bom Sucesso, como os que mais prazer lhe proporcionaram.

Apreciava música de Bach e Ravel e literatura, especialmente as obras de autores clássicos como as de Eça de Queirós, Aquilino Ribeiro, Fernando Namora, mas também as de alguns escritores modernos, como António Mega Ferreira e Miguel Sousa Tavares. No domínio da Arquitectura admira a robustez do estilo românico e a arte de Januário Godinho.

Residia no Porto, onde desfrutava da companhia dos seus 6 filhos (5 filhas e 1 filho) e dos seus 14 netos.

Faleceu a 10 de abril de 2018 aos 101 anos de idade.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2009)