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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Diogo de Macedo

Fotografia de Diogo de Macedo / Photo of Diogo de Macedo Diogo de Macedo
1889-1959
Escultor, museólogo, escritor e crítico de arte



Fotografia do Busto de Diogo de Macedo / Photo of the Bust of Diogo de MacedoDiogo Cândido de Macedo nasceu no Largo de S. Sebastião, freguesia de Mafamude, concelho de Vila Nova de Gaia, a 22 de Novembro de 1889.
Era filho de Diogo Cândido de Macedo, descendente dos Macedos do Peso da Régua, e de Maria Rosa do Sacramento. Foi batizado na Igreja Paroquial de S. Cristóvão de Mafamude a 8 de Dezembro desse ano.

O seu avô paterno, de nome Diogo José, viveu numa aparatosa casa em Santo Ovídeo, na qual recebeu a família real aquando da visita de D. Pedro V ao Porto. Foi um amante das artes e um dos responsáveis pela entrada de António Soares dos Reis nas Belas Artes.

Diogo foi educado pela mãe e viveu na companhia da avó materna e do irmão Tomás, mais velho 10 anos, que procurava orientar os seus estudos e a sua vida. Com o pai, mestre cigarreiro na Fábrica de Tabacos e tocador de cornetim nos tempos livres, teve pouco contacto. Era o menino da mãe.

A meninice e juventude foram passadas em Gaia, numa casa vizinha das habitações do músico "Macio" e do santeiro Fernandes Caldas, o seu primeiro mestre, com quem aprendeu a desenhar, modelar e esculpir. Tocou cornetim como o pai, mas logo descobriu um interesse maior no violão com o qual se exibia no Grupo Infantil de Mafamude.

Frequentou a Escola das Estafinhas e, depois, a Escola Industrial Infante D. Henrique, no Porto, em horário noturno. Por essa altura, Tomás tentou empregá-lo num escritório. Sem sucesso: Diogo fugiu nos primeiros dias de trabalho. Teixeira Lopes, que morava nas proximidades da família Macedo, tentou então convencer a mãe a deixá-lo seguir Escultura, como era seu desejo.

Em 1902 ingressou precocemente na Academia Portuense de Belas Artes. Por "desatenção ao estudo", chumbou no primeiro ano, tendo, por isso, regressado à Escola Industrial Infante D. Henrique. Em 1906 renovou a matrícula na Academia Portuense de Belas Artes, dedicando-se, desta vez, seriamente, ao curso de Escultura, o qual concluiu em 1911 com a obra "Pela Pátria" e a classificação de dezoito valores. Nesta escola teve por mestres José Brito e Marques de Oliveira, em Desenho, e António Teixeira Lopes, em Escultura.

Foi um jovem ativo e sociável. Na sua roda de amigos e colegas contavam-se outros artistas como Armando de Basto e Joaquim Lopes.

Escultura L' Adieu / Sculpture L' AdieuEm Outubro de 1911 viajou para Paris com uma pensão familiar e com uma carta de Oliveira Ramos dirigida a Xavier de Almeida, para que este o guiasse na cidade. Instalou-se num dos ateliês da Cité Falguière, em Montparnasse. Recebeu lições do escultor americano Bartlet nas Academias de Montparnasse, foi aluno de Bourdelle na "Académie de La Grande Chaumière", de Injalbert, na Escola Nacional de Belas-Artes, e foi influenciado, entre outros, pelos pintores Bernard Naudin e Amadeo Modigliani. No período parisiense produziu L'Adieu ou Le Pardon, um grupo escultórico datado de 1920, de sabor neo-romântico e forma moderna.

Em 1912 expôs em Lisboa e no Porto, cidade onde passou o Verão, regressando depois a Paris. No início de 1913 participou no Salon e foi noticiado nos jornais portugueses (Jornal de Notícias e Montanha). Porém, nem tudo corria bem. Debatia-se com dificuldades monetárias e pessoais que, no entanto, não o impediram de visitar a Bélgica, para o que recorreu às economias amealhadas e ao patrocínio da mãe. Em Maio, participou na Exposição Anual da Sociedade de Belas-Artes do Porto. Continuou a esculpir e a pintar e desfrutou da vida boémia parisiense.

No Verão desse ano voltou ao Porto. Mais famoso. Expôs na Galeria da Misericórdia e concorreu a um lugar de professor de segunda cadeira da Escola de Belas Artes do Porto, posição da qual acabou por desistir.
Dirigiu-se, então, a Lisboa, daí partindo, mais uma vez, para a capital francesa, onde trocou a morada na Cité Falguière pela Rua Bara. Durante esse período, esculpiu e pintou aguarelas.
Um mês após o começo da I Guerra Mundial voltou ao Porto. Expôs no Ateneu Comercial e no átrio do Palácio da Bolsa, onde a sua obra "Rajada" foi pretendida, embora não adquirida, pela Câmara do Porto, acontecimento que levou o seu autor a destruí-la.

Fotografia da frontaria do Teatro de S. João: Dor, Ódio e Amor, de Diogo de Macedo / Photo of S. João Theatre: Pain, Hate and Love, by Diogo de Macedo Em 1915, e na mesma cidade, produziu três grandes relevos ("A Dor", "O Amor" e o "Ódio") e duas cariátides para o Teatro de S. João, participou no 1º Salão dos Humoristas, no Jardim Passos Manuel, onde apresentou desenhos sob o pseudónimo de Maria Clara, e colaborou no Jornal A Tarde.

Nos anos seguintes (1916-1919) dividiu-se entre o Porto e Lisboa e continuou a expor, individual e coletivamente, no Palácio da Bolsa, na Santa Casa da Misericórdia, no já desaparecido Palácio de Cristal, no Porto, e na Liga Naval e na Sociedade de Belas Artes, na capital.

Em 1918 passou uma temporada na Figueira da Foz, no palácio da família Sotto-Mayor, para a qual já havia feito o busto de uma criança. Nesta casa, conheceu D. Ana Sotto-Mayor, com quem casou em Março de 1919, à revelia dos seus familiares.
No início de 1920, depois de se reconciliar com os Sotto-Mayor, partiu para França, na viagem passando por Bayonne, Biaritz e Villa Petite Jeanne. Por fim, fixou-se em Paris, no mês de Março de 1921. Em 1922 visitou a Alemanha.

5 Independentes (Brochura da Exposição) / 5 Independentes (Exhibition Brochure)Nesta fase, que foi rica em trabalho e vida social, preparou um álbum sobre costumes tradicionais em colaboração com a "Ilustração Portuguesa", expôs em Paris e em Portugal, onde organizou a exposição dos 5 Independentes, em 1923.

Em 1926, fixou-se definitivamente em Lisboa, onde continuou a produzir e a exibir a sua (frequentemente) premiada arte, numa época de desafogo económico.
Entre as décadas de 20 e de 30 editou as primeiras publicações, colaborou em jornais e revistas, como no Ocidente, onde, desde 1939, publicou Notas de Arte. E viajou pela Europa.
De 1939 a 1940 executou "Tejo" e quatro "Tágides" para a Fonte Monumental da Alameda Afonso Henriques.

Fotografia do edifício do Museu do Chiado, Lisboa / Photo of Chiado Museum building, LisbonEm 1941, ano em que perdeu a mulher e renunciou à Escultura, estreou-se como conferencista. Entre esse ano e 1944 publicou biografias de artistas, estudos, separatas, escreveu prefácios de catálogos de exposições e integrou júris e comissões. Nesse último ano foi convidado a dirigir o Museu de Arte Contemporânea (atual Museu do Chiado), cargo que aceitou e que manteve até ao fim da vida. Neste Museu, onde sucedeu ao pintor Sousa Lopes (1879-1914), reformulou o espaço expositivo, produziu o primeiro catálogo de arte, iniciou duas séries de monografias: Museu (em 1945) e Cadernos de Arte (1951) e desenvolveu uma política de incorporações de obras.

Em 1946, casou, em segundas núpcias, com D. Eva Botelho Arruda. Passados dois anos, o Ministério das Colónias incumbiu-o de escolher as peças a integrar uma exposição itinerante de Artes, em Angola e Moçambique, que dirigiu e acompanhou. No ano seguinte promoveu uma Semana Cultural Portuguesa em Santiago de Compostela.
Nos anos 50 fez uma viagem de estudo ao Brasil, na companhia da mulher; visitou a ilha de S. Miguel, terra natal da segunda mulher, na sequência de um convite para organizar os processos de classificação dos imóveis de interesse público; voltou a escrever (biografias de artistas, crítica literária e ensaios) e apresentou peças em certames artísticos (na Exposição Bienal Internacional de Veneza de 1950, no Pavilhão Português da Exposição Internacional de Bruxelas de 1958 e na Exposição Retrospetiva de Mário Eloy, na Escola de Belas Artes do Porto).

Morreu em casa, a 19 de Fevereiro de 1959, no n º 110 da Avenida António Augusto de Aguiar, Lisboa.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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