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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Rómulo de Carvalho

Fotografia de Rómulo de Carvalho (António Gedeão) Rómulo de Carvalho
(António Gedeão)

1906-1997
Professor, investigador, pedagogo, historiador da Ciência e poeta

(...)"Eles não sabem, nem sonham,
que o sonho comanda a vida.
Que sempre que o homem sonha
o mundo pula e avança
como bola colorida
entre as mãos de uma criança".

(Pedra Filosofal, in Movimento Perpétuo, 1956)



Casa lisboeta onde nasceu Rómulo de CarvalhoRómulo Vasco da Gama Carvalho nasceu em Lisboa, na Rua do Arco do Limoeiro (atual Rua Augusto Rosa), a 24 de Novembro de 1906. Era o terceiro filho de José Avelino da Gama Carvalho, funcionário dos correios e telégrafos, e de Rosa Oliveira da Gama Carvalho, dona de casa e poetisa ocasional, ambos algarvios. O avô paterno, Sebastião Jaime da Gama Carvalho, além de mestre de capela da Sé de Faro era professor e conhecido compositor de música.

Mãe de Rómulo de Carvalho aos 79 anosDa mãe, com quem manteve uma relação afetuosa, herdou a paixão pela leitura. Desde cedo se habituou a ler grandes obras de autores como Camilo, Eça, Camões e Cesário Verde, este último um dos seus favoritos, ou os contos orientais de Xerazade, que muito o impressionaram. Aos cinco anos escreveu o seu primeiro poema e aos dez leu os Lusíadas, poema épico que se propôs continuar em 1917, com a publicação de novas estrofes no Notícias de Évora e, depois, no Almanach das Senhoras de 1920. Tinha então catorze anos.
Fez três anos de instrução primária no Colégio de Santa Maria, entre 1912 e 1914, após a qual se manteve na mesma instituição, pois não tinha idade para frequentar o liceu, ensinando outras crianças e aprendendo francês.
Prosseguiu os estudos em 1917 no Liceu Central de Gil Vicente, onde foi aluno de Fidelino de Figueiredo e Câmara Reis e tomou contacto com as Ciências, que despertaram nele um crescente interesse.

Entre 1924 e 1925 colaborou no jornal do liceu, o Quinzenário Académico, cantou com amigos em populares serenatas dedicadas a uma jovem por quem um deles se apaixonara e participou em peças teatrais: uma comédia de um ato e numa revista de quatro atos, organizada pelos alunos finalistas.

Quod est, est, 1927. DocumentTerminado o 7º ano de liceu, matriculou-se no Curso Preparatório de Engenharia Militar na Faculdade de Ciências de Lisboa. Em 1926, na sequência da adesão à greve académica, foi, provisoriamente, alistado para a tropa. Nesse ano letivo de 1926-1927, Rómulo e o amigo Carlos Bana venceram o concurso da Associação Académica para uma revista teatral de despedida dos finalistas, com Quod est, est (tenho a honra de pedir a mão de Violante), musicada pelo Maestro Manuel Ribeiro e levada à cena por Vasco Santana, com grande sucesso, no Teatro São Carlos, em 1927.

Após os primeiros e pouco entusiasmantes anos de universitário, Rómulo trocou Lisboa pelo Porto, para seguir uma nova vocação. Em 23 de Outubro de 1928, aos vinte e um anos de idade, matriculou-se no curso de Ciências Físico Químicas da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto. Nestes tempos de boa memória publicou no Porto Académico, órgão da Associação Académica do Porto, dois textos na secção Dissertações - "A decadência do raciocínio" e "A igualdade dos sexos" - e um poema na secção Poesia Contemporânea; também editou duas peças de teatro - "Os três mosqueteiros" (peça humorística) e "A mulher que não inventou o amor" (tragédia) -, um conto ("História Triste"), cuja ação se passava no Porto, e os versos "lei da racionalidade" e "lei da constância dos Ângulos".

As origens de Portugal de Rómulo de CarvalhoEm 1931 terminou a licenciatura com a classificação final de quinze valores. No ano seguinte, frequentou o Curso de Ciências Pedagógicas na Faculdade de Letras de Lisboa e em 1934 realizou o Exame de Estado para o Magistério Liceal. Lecionou durante 40 anos em três escolas: nos liceus Pedro Nunes e Camões, em Lisboa, e no Liceu D. João III, em Coimbra. No Liceu Normal de Pedro Nunes, desempenhou o cargo de professor metodólogo do grupo de Ciências Físico-Químicas entre o final dos anos cinquenta e 1974 e de co-diretor da revista pedagógica Palestra entre 1965 e 1973. No início da década de Setenta, foi também co-autor do Boletim do Ensino Secundário do Ministério da Educação (1973-1975).

Prensa Hidráulica. Modelo didáctico construído por Rómulo de Carvalho para ilustrar o Princípio de PascalEnquanto pedagogo, além de formar professores liceais, nas áreas de Química e de Física, foi autor de livros e manuais escolares como o Compêndio de Química para o 3º Ciclo, dado à estampa em 1953, do livro Ciências da Natureza, objeto de doze edições, e de modelos didáticos. Entre 1946 e 1974 foi co-diretor da Gazeta de Física da Faculdade de Ciências de Lisboa, publicando vinte e dois artigos de divulgação científica, orientação pedagógica e atualização didática.

Ferreira da Silva, Homem da Ciência e do Pensamento, 1953Paralelamente ao ensino também se dedicou à divulgação científica e tecnológica, iniciada em 1932 com a publicação de O aspeto fraudulento da alquimia, e ao estudo da História da Ciência, em particular à História da Física, tendo-nos legado, neste domínio, vários estudos percursores, como o livro Ferreira da Silva, Homem de Ciência e de Pensamento, datado de 1953.

Colaborou com a Biblioteca Cosmos, fundada por Bento de Jesus Caraça em 1941, em que foram publicados 147 volumes em seis anos; entre eles, contam-se Ciência Hermética e Embalsamento Egípcio da autoria de Rómulo de Carvalho. Impulsionou a coleção de divulgação científica Ciência para Gente Nova, a partir de 1952, projetada para despertar o interesse generalizado pela Ciência, e foi autor de outros títulos como Física para o Povo, publicada até aos anos Setenta.

No respeitante à vida familiar, foi pai de Frederico, fruto do primeiro casamento, e de Maria Cristina, do segundo matrimónio, com Natália Nunes.

António Gedeão por Rómulo de CarvalhoAos cinquenta anos de idade, a par da afeição que nutria pelas ciências e pelo ensino, encetou, sob o pseudónimo de António Gedeão, uma notável carreira poética, com a publicação de Movimento Perpétuo, na sequência da sua participação num concurso de poesia, o qual foi bem acolhido pela crítica.
Mais tarde, experimentou outros géneros literários como o Teatro, o Ensaio e a Ficção.
De entre todas as poesias, traduzidas em diversas línguas, distingue-se a Pedra Filosofal, produzida no contexto de repressão política e da guerra colonial durante a ditadura fascista, que Manuel Freire musicou e se transformou num hino ao sonho e à liberdade. Outros poemas seus serviram de base a doze canções de José Nisa, editadas no álbum "Fala do Homem Nascido", de 1972.

Em Janeiro de 1975, dececionado com a desorganização do Ensino no período pós 25 de Abril, aposentou-se, dedicando, a partir dessa altura, grande parte do seu tempo à investigação.

Novos Poemas Póstumos, 1990Dez anos passados sobre a Revolução de Abril, publicou Poemas Póstumos. Em 1990 assumiu a direção do Museu Maynense, da Academia das Ciências de Lisboa, e editou a sua derradeira obra poética, Novos Poemas Póstumos.

Nas comemorações dos 90 anos, em 1996, este homem da ciência, da educação e das letras foi homenageado a nível nacional numa ação promovida pelo Ministério da Ciência e da Tecnologia em colaboração com várias entidades educativas e culturais.

Rómulo de Carvalho morreu no dia 19 de Fevereiro de 1997, na Unidade de Cuidados Intensivos do Hospital de Santa Maria, em Lisboa. António Gedeão já partira, sete anos antes.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

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