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Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

Joaquim Guilherme Gomes Coelho

Retrato de Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Júlio Dinis) / Portrait of Joaquim Guilherme Gomes Coelho (Júlio Dinis) Joaquim Guilherme Gomes Coelho
(Júlio Dinis)

1839-1871
Médico, escritor e professor



Fotografia do Monumento a Júlios Dinis, de João da Silva, no Largo Professor Abel Salazar / Photo of the Monument to Júlios Dinis, by João da SilvaJoaquim Guilherme Gomes Coelho, mais conhecido pelo pseudónimo Júlio Dinis, nasceu no Porto a 14 de Novembro de 1839 e quatro dias depois foi baptizado na igreja de S. Nicolau da mesma cidade. O pai, José Joaquim Gomes Coelho, era natural de Ovar e médico-cirurgião pela Escola Médico-Cirúrgica do Porto. Casou no Porto com Ana Constança Potter Pereira, natural desta cidade, embora com ascendência britânica. Tiveram nove filhos. Quando tinha cerca de seis anos de idade, a mãe de Júlio Dinis faleceu com a doença que se iria tornar na mais infeliz herança da família – a tuberculose –, a qual também tirou a vida aos seus oito irmãos e, mais tarde, a si próprio.

Pouco sabemos acerca do período da sua infância e adolescência. Ao que parece, frequentou a escola primária da freguesia de Miragaia. Em 1853, depois de concluir o curso preparatório do Liceu, matriculou-se na Academia Politécnica do Porto. Depois de aí frequentar as cadeiras de química, matemática, física, botânica e zoologia com boas classificações, matriculou-se na Escola Médico-Cirúrgica do Porto no ano letivo de 1856-57.
Foi nesta Escola que, em 1861, defendeu a sua dissertação, intitulada Da Importância dos Estudos Meteorológicos para a Medicina e Especialmente de Suas Aplicações no Ramo Cirúrgico. O facto de ter escolhido este tema deveu-se à sua relação tão próxima com a doença que já tinha tirado a vida à sua mãe e aos seus irmãos. Depois de ter terminado o curso, logo pensou em seguir a carreira de professor, porque considerava a profissão de médico de grande responsabilidade e de alguma desumanidade. Concorreu ao lugar de demonstrador na escola onde se tinha formado, mas só à terceira tentativa é que conseguiu o lugar, em 1865.

A sua carreira foi interrompida por diversas vezes devido à doença de que sofria, que o obrigava a mudar-se para ambientes rurais, como Ovar e Funchal. Foi em Ovar, na sua primeira cura de ares, em 1863, que se apaixonou por um tipo de romance diferente do que tinha vindo a escrever – o romance rural. Até então, as suas obras tinham um carácter lírico, novelístico e de romance citadino. Utilizou pela primeira vez o pseudónimo Júlio Dinis em 1860, quando enviou textos de poesia para a revista Grinalda. Ninguém sabia quem era Júlio Dinis, mas todos gostaram dos poemas. Também utilizou o pseudónimo "Diana de Aveleda" em textos que entregou ao Jornal do Porto.

Uma Família Inglesa - Capa da obra de Júlio Dinis / Uma Família Inglesa - Cover of a Publication of Júlio DinisAs suas principais obras, todas assinadas como Júlio Dinis, são: As Pupilas do Senhor Reitor (1867), A Morgadinha dos Canaviais (1868), Uma Família Inglesa (1868), Serões da Província (1870), Os Fidalgos da Casa Mourisca (1871), Poesias (1873), Inéditos e Esparsos (1910), Teatro Inédito (1946-47). O único romance citadino é Uma Família Inglesa, baseado na literatura inglesa. As Pupilas do Senhor Reitor e A Morgadinha dos Canaviais foram romances praticamente escritos em Ovar; já os Serões da Província e Os Fidalgos da Casa Mourisca foram redigidos no Funchal. Esta última obra não chegou a ser totalmente revista pelo autor devido à sua morte prematura; um primo seu ajudou-o nesta tarefa e concluiu-a.

Atendendo à época em que Júlio Dinis viveu, seria natural situá-lo no ultra-romantismo. Porém, as suas obras literárias não deverão ser inseridas nesta corrente, já que, devido à influência do pai, médico, e à sua educação científica, Júlio Dinis tinha uma visão bem mais real e verdadeira do que a dos autores ultra-românticos. Mas também não devemos classificar a sua obra na corrente Realismo – Naturalismo que começou com as Conferências do Casino da geração de 70, de Eça de Queirós. Podemos, sim, dizer que ele foi o percursor desta corrente literária no nosso país, o que levou a que fosse apelidado de inaugurador da escola naturalista.

Joaquim Guilherme Gomes Coelho morreu na madrugada de 12 de Setembro de 1871, na casa de uns primos, na Rua de Costa Cabral. Na sua companhia estava Custódio de Passos, primo e fiel amigo, com quem trocou inúmeras cartas, às quais ainda hoje temos acesso. Já há algum tempo que se encontrava confinado a uma cama, mal conseguindo andar. Morreu, desta forma, aquele que, segundo Eça: "viveu de leve, escreveu de leve, morreu de leve".
(Texto de Ana Sofia Silva Barroso, 2008)

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