Saltar para:
Logótipo SIGARRA U.Porto
This page in english A Ajuda Contextual não se encontra disponível Autenticar-se
Hoje é domingo
Você está em: U. Porto > Memória U.Porto > Antigos Estudantes Ilustres U.Porto: António de Almeida

Memória U.Porto

Antigos Estudantes Ilustres da Universidade do Porto

António de Almeida

Fotografia de António de Almeida em 1920 / Photo by António de Almeida in 1920 António de Almeida
1891-1968
Engenheiro, empresário, filantropo



António Manuel de Almeida nasceu no dia 5 de novembro de 1891, em S. Pedro, Vila Real. Filho de Manuel Maria de Almeida, natural de Guimarães, e de Maria de Jesus Almeida, da Meda, foi batizado na igreja da sua paróquia.
Em Vila Real viveu com os pais e os irmãos, Alcina, Armindo e Carlos, durante o destacamento militar do pai, que era oficial do exército.
Depois do ter feito o exame da 4ª classe da Instrução Primária, a família fixou-se em Lisboa, onde o pai veio a falecer a 10 de dezembro de 1903. A sua mãe morreu muito mais tarde, com 94 anos, a 4 de abril de 1962.

Na capital frequentou o Liceu Passos Manuel e conviveu com a família do banqueiro José Maria do Espírito Santo Silva, em especial com o seu filho mais velho, José Ribeiro, com quem construiu uma amizade para a vida. Regressado ao Porto, foi ainda nesta cidade que completou o que lhe restava dos estudos liceais.
A 10 de outubro de 1910 ingressou na Escola Politécnica de Lisboa. Em 1913 transitou para o curso de Engenheiros Civis de Obras Públicas na cidade do Porto, na Escola Anexa de Engenharia, da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, que concluiu a 28 de outubro de 1915, com a classificação de 18 valores.
Depois de cumprir o serviço militar, ingressou no Ministério da Guerra como Oficial, nos serviços de engenharia militar, sendo promovido ao posto de Alferes em 1916 (17 de dezembro). Nesse ano, inscreveu-se na Associação de Engenheiros Civis Portugueses e passou a exercer a atividade profissional de Engenheiro. Em 20 de dezembro de 1917 cessou as funções no Ministério do Exército.
Logo em seguida, ingressou no Ministério das Obras Públicas e, ao mesmo tempo, pelo seu espírito empreendedor, interessou-se por atividades de natureza empresarial.
A morte do banqueiro José Maria do Espírito Santo Silva, em 1915, obrigou o seu filho José a tomar conta do negócio de família. Mas este não estava só. Contava com o apoio do amigo António, com quem decidiu instalar no Porto uma filial da lisboeta Casa Bancária Espírito Santo Silva & Cª. Em 1918, o projeto foi posto em marcha. Para o efeito, José comprou um terreno na Avenida dos Aliados e nele mandou erigir um edifício projetado por António de Almeida. O espírito empresarial compensava: em 1920 acumulara já um valioso património, que orçava os 80 contos.

Em 4 de julho de 1921 era inaugurada no Porto a filial do recém denominado Banco Espírito Santo. Nesse ano, o Sr. Almeida, como gostava de ser tratado, tornava-se diretor do banco e responsável pela sua gestão. Pouco depois, foi nomeado Vice-Presidente do Conselho de Administração, cargo que exerceu até à sua morte.
De 1921 até 1935 residiu no 3º andar do edifício em que funcionava este banco. Esta instituição financeira era o centro da sua vida profissional. Contudo, também se ocupou de outras empresas, como a Companhia de Seguros Tranquilidade Portuense (assumiu a direção em 1928, e, entre 1935 e 1968, a Vice-Presidência do Conselho de Administração).
A partir dos anos 30, a mesma parceria, João Ribeiro e António de Almeida, assumiram, respetivamente, a Presidência e a Vice-presidência do Conselho de Administração da empresa, cargos que mantiveram até ao final da vida.
Uma vez que já há muito se afastara da Engenharia, requereu à Associação dos Engenheiros Civis Portugueses que o demitisse de sócio, o que veio a ser deferido em 23 de novembro de 1931. Apesar disso, manteve um estreito relacionamento com alguns colegas de curso, como Luís Monteiro Nunes da Ponte.
Fotografia do casamento de António de Almeida e Olga Andresen / Wedding Photography of António de Almeida and Olga AndresenNas grandiosas comemorações do 40º aniversário do Banco Espírito Santo foram descerrados dois bustos em bronze, de José Ribeiro Espírito Santo Silva e de António de Almeida, da autoria de Joaquim Correia (1920-2013) e de Barata Feyo (1899-1990), respetivamente.

Quanto à vida privada, salientem-se os seguintes factos. Apesar do seu catolicismo fervoroso, casou a 30 de outubro de 1920 com a protestante Olga Ana Adelaide Andresen (1899-1963), filha de João Henrique Andresen e de Joana Henriqueta Lehman Andresen. O casamento civil realizou-se na "Quinta do Campo Alegre", propriedade da família da noiva, e o casamento religioso na sacristia da Igreja paroquial de Lordelo. A festa decorreu na dita quinta e nela estiveram presentes inúmeros familiares e amigos. No regresso da viagem de núpcias à Madeira, instalaram-se em Lisboa.
Fotografia da casa de António de Almeida (1935) / Photo of António de Almeida's house (1935)Depois, fixaram-se no Porto. Primeiro, na Quinta do Campo Alegre (1921-1922), depois no 3º andar da filial do Banco Espírito Santo (1922-1935) e, a partir de 1935, na "Casa Nova", riscada pelo arquiteto Carlos Ramos (1897-1969). A primeira pedra desta casa foi solenemente lançada a 9 de outubro de 1933 e a inauguração ocorreu a 5 de novembro de 1935. O recheio da casa veio de antiquários franceses, ingleses, suíços e portugueses, segundo os conselhos do artista Dr. Ricardo Ribeiro do Espírito Santo Silva. Em 1949 foi inaugurada a ampliação do edifício.
Em 1939, como procurador da sua mulher, comprou-lhe uma casa de praia na Granja, em Vila Nova de Gaia, que ambos remodelaram e onde passavam regularmente o mês de agosto e foram celebradas as bodas de prata do seu casamento, em 1945.
António de Almeida era caçador, mais pelo convívio do que pelo desporto. Para retribuir os muitos convites que recebia para caçadas, comprou em 1944 uma propriedade em Santa Maria, Estremoz (a "Quinta dos Pensamentos"), que se revelou imprópria para o desporto venatório. Assim, para os mesmos efeitos, em 1952 comprou a herdade "do Freixial", em Elvas.
O casal gostava de viajar pela Europa e por África, deslocando-se amiúde a Arosa, Baden-Baden e Évian e a estâncias de esqui, no tempo apropriado, como Saint-Moritz. Ambos eram adeptos do golf, frequentando os campos de Espinho e Miramar, e outros, no país e no estrangeiro; também apreciavam a atividade náutica que, tal como a caça, funcionava como um pretexto para o convívio nas épocas estivais, na ria de Aveiro, a bordo do velho barco holandês "Mar e Sol".
Sentiu muito a morte da mulher (17 de maio de 1963), mas prosseguiu a sua atividade profissional, a vida social e as ações de solidariedade a que sempre se dedicou. Por exemplo, em 5 de março de 1964 participou na sessão e jantar protocolares em Paris, pela ocasião da entrega pelo Embaixador de Portugal ao Dr. José Ribeiro do Espírito Santo Silva, das insígnias de Comendador da Ordem Militar de Cristo. E em 1966 (25 de junho) assistiu à reunião dos cinquenta anos do curso de Engenharia de 1915, realizada na Curia.
Honrou a memória da esposa através de doações às instituições a que ela se ligara emocionalmente, como a Cruz Vermelha Portuguesa ou o Sanatório D. Manuel II. Em 29 de Setembro de 1968 recebeu um cartão do seu grande amigo de sempre; todavia, já não teve oportunidade de lhe responder. Debilitado, morreu a 9 de outubro de 1968.

Por testamento, instituiu a Fundação Engenheiro António de Almeida, com fins artísticos, educativos e de caridade, instituição que foi reconhecida oficialmente em 5 de maio de 1969.
(Universidade Digital / Gestão de Informação, 2008)

Recomendar Página Voltar ao Topo
Copyright 1996-2024 © Universidade do Porto Termos e Condições Acessibilidade Índice A-Z Livro de Visitas
Última actualização: 2023-03-16 Página gerada em: 2024-05-12 às 23:59:16 Denúncias